Fugas - Viagens

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Noruega: Dentro da paisagem e sem querermos sair dela

O trajecto continua através de um cenário de cortar a respiração, com vales, rios, cascatas e pequenas povoações. E as imagens mais bonitas surgem de um ou do outro lado do comboio, pelo que a dança constante dos passageiros, que tentam captar tudo nas suas máquinas fotográficas de diferentes dimensões (mas não vale a pena, é impossível), animam a viagem até Flåm. Há outra portuguesa a bordo, a terceira que encontramos na viagem. Ela não está a viver na Noruega, mas trabalha a bordo de um navio que “anda a dar a volta ao mundo” e que está ancorado em Flåm. Aproveitou a paragem para fazer a curta viagem de comboio recomendada a todos os visitantes e é já o segundo trajecto que faz esta manhã. Subiu, primeiro, até Myrdal, e agora regressa, ansiosa por tentar fotografar a pequena igreja de madeira do século XIII de uma povoação já próxima do final da viagem, que não conseguiu ver com a atenção que queria na subida.

No meio da agitação que vai a bordo da carruagem, só temos tempo de lhe desejar boa viagem, antes de a perdermos de vista. Nem sabemos para onde vai, só que, no dia anterior, o navio onde trabalha esteve no Cabo Norte. “Mas não se via nada, por causa do nevoeiro cerrado”, contara ela.

Há um grande navio francês ancorado em Flåm e pensamos que talvez seja ele que vai levar a jovem portuguesa para outro porto, mas nós também temos um barco à nossa espera e, agora sim, os fiordes não vão apenas passar-nos à janela. Vamos navegar num.

O Sognefjord é o mais profundo e o mais longo da Noruega e a sua paisagem fabulosa está listada nos lugares classificados como Património da Humanidade, pela UNESCO. Há um vento agreste que nos corta a face e, de vez em quando, uma das nuvens que varre o céu liberta algumas gotas largas de água, mas não conseguimos abandonar a varanda na parte dianteira do barco, onde vemos todo o caminho desenrolar-se à nossa frente. Se o fazemos, é apenas para irmos à retaguarda, ver o caminho que deixamos para trás.

O Fjord1 corta as águas escuras e geladas, que correm entre as paredes altas do primeiro braço do Sognefjord que percorremos, o Aurlandsfjord. Ficamos completamente reféns da beleza da paisagem. Já nos enjoa a quantidade de fotografias que, simplesmente, não conseguimos deixar de tirar. Juramos que aquela, há 10 segundos, foi a última, mas já estamos de novo a tirar outra e mais outra, à medida que às paredes rochosas se sucedem outras, que as quedas de água dão lugar a novas quedas de água, que casas isoladas de telhados vermelhos se transformam em novas casas ou povoações isoladas. Quando o barco vira para o outro braço do fiorde que vamos percorrer hoje, o Nærøyfjord, a viagem de duas horas ganha novos encantos. Aqui, as águas atingem a profundidade de 12 metros e o fiorde é mais estreito. Tudo se torna mais nítido, a paisagem fica ainda mais bonita e queremos que as duas horas se transformem em muitas mais, para podermos esgotar o cartão de memória da máquina fotográfica, porque já percebemos que estamos agarrados e não vamos conseguir parar de tentar guardar em fotografias este canto encantado do planeta.

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