Se ficaram muito desapontados, os passageiros não dizem e, pouco depois, já se ouvem gargalhadas, quando o capitão leva o barco até tão perto de uma cascata que a água que ela liberta salpica os mais descuidados.
Estamos gelados e encharcados, quando finalmente o barco dá meia volta e se prepara para regressar a Stavanger, a alta velocidade. Abrigamo-nos, finalmente, no salão de bancos corridos, com os dedos entrelaçados à volta de um copo de chocolate quente. A viagem está quase a terminar, mas ainda temos de jantar.
E, no restaurante, está a última portuguesa que encontramos na viagem. “Sou uma menina de Cascais”, ri-se, divertida. Chegou há cerca de um ano e já encontrou, pelo menos, mais uma portuguesa que se instalou ali. Ri-se muito e goza com a cidade onde não acontece nada, além de umas bebedeiras ao final da tarde, diz. “Os noruegueses não sabem beber. Bebem muito depressa e depois andam à pancada”, conta, com uma gargalhada bem-disposta. Conta-nos que está há doze dias sem folgar, por opção, para angariar mais dinheiro, e confessa rapidamente tudo o que sente falta de Portugal: a comida, o café, o sol. Mas, a Noruega, lá está, tem qualidade de vida. E, além disso, ela também ainda não foi à Rocha do Púlpito. Por isso, para já, vai continuar por ali.
Guia prático
Como ir
A TAP tem voos directos para Oslo, a partir de Lisboa, por preços que rondam os 450 euros (ida e volta, preços para Outubro). Se não se importar de fazer escala em Estocolmo, os preços podem ficar ligeiramente mais baratos.
Onde ficar
Não faltam opções para dormir, mas nada na Noruega é barato, pelo que será difícil encontrar alojamento económico. Uma boa opção que pode querer considerar é alugar uma casa, o que lhe permitirá preparar algumas refeições e fazer baixar, um pouco, a factura da viagem.
Onde comer
Ouvimos este conselho e não podemos deixar de o partilhar: depois de chegar à Noruega não esteja constantemente a fazer a conversão monetária de cada vez que puxar da carteira. Só assim vai conseguir alimentar-se por ali sem sofrer demasiado. E, assim, vai ver que ao fim de algum tempo já vai achar que um café por 20 coroas (2,50 euros) é barato e vai ficar satisfeito por conseguir comer uma pizza por menos de 30 euros. Num restaurante tradicional saiba que os gastos podem começar nos 40 euros, apenas pelo prato principal. A conta triplica ou quadruplica se lhe acrescentar bebidas (a água, directa da torneira, é de graça, mas um refrigerante não deverá custar menos de 5,50 euros, uma cerveja deve rondar os 15 euros e o vinho, então, pode, com facilidade, ser mais caro do que o prato) e sobremesas (15 euros é o ponto de partida). A boa notícia, se não se importar de trocar algumas refeições por cachorros quentes, fatias de pizza ou sandes, é que em qualquer esquina vai encontrar um quiosque da Narvesen ou um Deli di Luca, onde pode encontrar estas refeições rápidas a preços mais económicos. Mas prepare-se para que, ainda assim, a “refeição” possa chegar aos 10 euros.