Fugas - Viagens

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    Taj Mahal, Índia Brijesh Singh/Reuters
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    Machu Picchu, Peru Mário Augusto Carneiro
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    Isfahan, Irão Morteza Nikoubazl/REUTERS
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    Sanaa, no Iémen; Ahmad Gharabli/AFP
  • Hagia Sofia, Istambul, Turquia
    Hagia Sofia, Istambul, Turquia Bulent Kilic
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    Catedral de São Paulo, Londres, Reino Unido STEFAN WERMUTH/REUTERS
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    Torre de Pisa, Itália Fabio Muzzi/AFP
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    Ópera de Sydney, Austrália Saeed Khan/AFP
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    Potala, no Tibete REUTERS/CHINA DAILY
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    Ponte Henderson Waves Singapura Tim Chong/Reuters

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Volta ao mundo em dez obras-primas

A luz crepuscular banha a cidade e inunda a torre, o dia apaga-se mas não a memória e a personagem ligada à pequena miniatura que ainda hoje ilumina um quarto agora quase sempre solitário.

Catedral de São Paulo, Londres

“No pouco que dormi, sonhei com a miséria debaixo de todas as formas; ora, andrajoso, ia à porta da casa de Dora vender pacotes de fósforos, seis por meio dinheiro (…); ora me precipitava para apanhar as migalhas do pão quotidiano que o escrevente Tiffey comia pontualmente quando o relógio de São Paulo soava a hora do almoço.” Charles Dickens ou David Copperfield (uma obra auto-biográfica) caminhava, nos seus tempos de adolescente, com uma inusitada frequência entre Bayham Street e a Catedral de São Paulo para depositar os olhos no nevoeiro e no fumo sobre as cúpulas, cujo tamanho apenas é superado pela de São Pedro, em Roma.

Anos mais tarde, em 1852, o escritor inglês subiu a escadaria da obra-prima de Cristopher Wren (projectou outras 50 igrejas em Londres) na companhia da família para assistir ao funeral do Duque de Wellington, o marechal e político britânico que derrotou, 37 anos antes, Napoleão em Waterloo – e há quem jure que o fez com um sentimento de repulsa perante tamanha ostentação. O “Duque de Ferro”, como era conhecido, é uma das figuras cujos restos mortais se encontram depositados na catedral que foi erguida entre 1675 e 1710, após o Grande Incêndio, juntamente com outros nomes mediáticos, como Lord Nelson ou o próprio Cristopher Wren – em cujo túmulo se pode ler uma inscrição em latim: “Se procuras o seu memorial, olha à tua volta.”

A cúpula principal (na verdade são três) da catedral tornou-se famosa por ter resistido ao Blitz (duas bombas foram encontradas em 1940 mas removidas a tempo), passando a ser vista, por essa razão, como um ícone de resistência durante a II Guerra Mundial. O passeio em redor da sua base recebe a designação de Galeria dos Desejos – se o turista falar próximo da parede, as suas palavras serão transportadas para o outro extremo, a 32 metros. 

Hagia Sofia, Turquia

Construída no século VI para realçar a glória de Bizâncio e do seu imperador Justiniano, Hagia Sofia foi, antes de mais, uma igreja, logo se transformou em mesquita (entre 1453 e 1934) e, actualmente, por ordem de Atatürk, é um museu de mosaicos bizantinos, um lugar que convida à contemplação silenciosa, sob a sua cúpula que se ergue a uma altura de 55 metros, uma das mais altas do mundo. Quando se olha para a basílica, poucos são aqueles que imaginam uma construção sem rival, em beleza e dimensão, ao longo de quase mil anos, até ao dia 18 de Novembro de 1626, altura em que foram concluídas as obras na basílica de São Pedro, em Roma. “Ó Salomão, já te superei”, exclamou Justiniano, em 537, ano da inauguração da Santa Sofia, ao lado da sua mulher, Teodora, do patriarca de Constantinopla e dos arquitectos.

Concebida para ser um espelho da abóbada do mundo – e, ao mesmo tempo, o seu interior transmite uma sensação celestial -, a Santa Sofia permanece, ainda hoje, como uma das maiores obras mundiais da arquitectura e como elemento de influência sobre as construções dos séculos seguintes. À excepção dos mosaicos que adornam o nártex e o Vestíbulo dos Guerreiros, todos os outros são trabalhos, também notáveis, que datam do século IX ou posteriores, após a era iconoclástica – um decreto foi publicado proibindo a idolatria e muitos ícones foram destruídos, situação que agitou o mundo bizantino e as suas relações com Roma e que se manteve até meados do século IX.

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