Fugas - Viagens

  • Taj Mahal, Índia
    Taj Mahal, Índia Brijesh Singh/Reuters
  • Machu Picchu, Peru
    Machu Picchu, Peru Mário Augusto Carneiro
  • Isfahan, Irão
    Isfahan, Irão Morteza Nikoubazl/REUTERS
  • Sanaa, no Iémen;
    Sanaa, no Iémen; Ahmad Gharabli/AFP
  • Hagia Sofia, Istambul, Turquia
    Hagia Sofia, Istambul, Turquia Bulent Kilic
  • Catedral de São Paulo, Londres, Reino Unido
    Catedral de São Paulo, Londres, Reino Unido STEFAN WERMUTH/REUTERS
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    Torre de Pisa, Itália Fabio Muzzi/AFP
  • Ópera de Sydney, Austrália
    Ópera de Sydney, Austrália Saeed Khan/AFP
  • Potala, no Tibete
    Potala, no Tibete REUTERS/CHINA DAILY
  • Ponte Henderson Waves Singapura
    Ponte Henderson Waves Singapura Tim Chong/Reuters

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Volta ao mundo em dez obras-primas

Santa Sofia é um daqueles lugares que deve ser percorrido pausadamente, para ser visto e não apenas olhado, com uma história e uma atmosfera que encontram eco nas palavras do escritor Orhan Pamuk sobre a própria cidade de Istambul - um lugar que muda e se transforma a um ritmo vertiginoso, quase excessivo, mas que nunca perde a sua alma nem o keyif, “a arte de viver” local, essa forma sábia de desfrutar o tempo.

Taj Mahal, Índia

O poeta Rabindranath Tagore definiu-o como uma “lágrima no limiar dos tempos” e Rudyard Kipling como a “incarnação da pureza” mas tudo o que se possa escrever sobre este lendário mausoléu, construído entre 1632 e 1653 por 20 mil mestres artesãos, nunca será compreendido se não o visitarmos pelo menos uma vez na vida, respirando o amor inconsolável de Shah Jahan pela sua mulher desaparecida, a imperatriz Mumtaz Mahal, no momento em que dava à luz o seu 14.º filho. Símbolo da força do Islão, surge diante dos nossos olhos sumptuoso, todo de mármore branco, como algo inacessível, unindo o céu e a terra de acordo com a mitologia mughal, proeminente no seu equilíbrio e simetria, como alguém que flutua graciosamente no espaço.

Antes ainda de o tocar, vejo-o reflectido nas águas de um lago, não muito longe do jardim persa concebido de acordo com o conceito islâmico do paraíso; logo a seguir, quando o contorno, há um qualquer magnetismo que emana das suas quatro fachadas decoradas com versículos do Corão e motivos florais em pietra dura: incrustações em coral, cornalina, lápis- lazúli do Afeganistão, jade da China, ágata do Iémen. O soberbo edifício central está escoltado por quatro minaretes com uma ligeira inclinação para que, de acordo com a teoria mais aceitável, não provoquem danos na cúpula principal em caso de queda. De um lado e do outro, duas construções muito idênticas: a mesquita, o lugar da oração, e o jawab, um centro de acolhimento de visitantes – se bem que este último pode ter sido erguido para inviabilizar um possível desequilíbrio estético.

Símbolo por antonomásia da Índia, o Taj Mahal esconde por detrás do mito uma trama complexa que mistura ambição, poder, propaganda política e lenda, um verdadeiro segredo de uma época surpreendente, de esplendor da rica história do país. Tudo começa em 1627, com a morte do imperador Jahangir – terceiro na linha dinástica iniciada por Babur em 1527 -, levando ao poder, depois de um tempo de intrigas e de contratempos, o seu filho, o príncipe Khurram, que, como era habitual nesse tempo de antanho, altera o nome, passando a ser conhecido por Abdul Muzzaffar Shiabuddin Mohammed Sahid Qiran-Sani Sha Jahan Badshah Ghazi, para os mais íntimos e para a história Sha Jahan, o “Rei do Mundo”, tão grande e tão ambicioso que logo mandou assassinar todos os varões que lhe poderiam fazer sombra na sua ascensão ao poder.

Também ele foi enterrado no complexo, ao lado da sua mulher, uma situação que Sha Jahan não havia previsto – o seu túmulo está em clara assimetria com o resto do complexo. O imperador idealizava uma outra construção, negra como um corvo, mas o filho e sucessor, Aurangzeb, destronou-o pela força e decidiu encarcerá-lo durante os últimos oito anos da sua vida no Forte de Agra, de onde ele podia ver, através de uma janela, o monumento que homenageia a sua mulher e perpetua a sua história.

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