Fugas - Viagens

  • Taj Mahal, Índia
    Taj Mahal, Índia Brijesh Singh/Reuters
  • Machu Picchu, Peru
    Machu Picchu, Peru Mário Augusto Carneiro
  • Isfahan, Irão
    Isfahan, Irão Morteza Nikoubazl/REUTERS
  • Sanaa, no Iémen;
    Sanaa, no Iémen; Ahmad Gharabli/AFP
  • Hagia Sofia, Istambul, Turquia
    Hagia Sofia, Istambul, Turquia Bulent Kilic
  • Catedral de São Paulo, Londres, Reino Unido
    Catedral de São Paulo, Londres, Reino Unido STEFAN WERMUTH/REUTERS
  • Torre de Pisa, Itália
    Torre de Pisa, Itália Fabio Muzzi/AFP
  • Ópera de Sydney, Austrália
    Ópera de Sydney, Austrália Saeed Khan/AFP
  • Potala, no Tibete
    Potala, no Tibete REUTERS/CHINA DAILY
  • Ponte Henderson Waves Singapura
    Ponte Henderson Waves Singapura Tim Chong/Reuters

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Volta ao mundo em dez obras-primas

Desde então, mais de 50 milhões visitaram este espaço – provavelmente o centro cultural mais visitado do mundo - que, visto à distância, se assemelha a um conjunto de conchas gigantes, particularmente elegantes quando as diferentes tonalidades do final de tarde tudo mancham à sua volta, tornando ainda mais forte a atracção que se sente perante tão proeminente exemplar da arquitectura.  

Machu Picchu, Peru

“Tomare para olvidarte/ Por que se que tu jamas volveras/ Cerveza, ron e guinda quiero tomar/ Recuerdos imborrables para olvidar.”

Os muitos turistas olham para Sonia Morales, a grande embaixadora da música folclore peruana que grava um teledisco em Machu Picchu, com o mesmo assombro com que, provavelmente, Hiram Bingham fitou, em Julho de 1911, esta obra-prima de um povo desaparecido. Os estrangeiros têm dificuldade em perceber a euforia dos peruanos à volta de uma das mais proeminentes representantes do huayno, importante género de dança e música de origem pré-colombiano peruano e actualmente muito difundido entre os povos andinos, da mesma forma que o historiador americano tardou em aperceber-se de que, contrariamente ao que pensava, não se encontrava em Vilcabamba, o derradeiro refúgio do Inca Manco, o imperador que se rebelou contra os Conquistadores.

Dissimulada entre a densa vegetação, Bingham perscrutou uma magnificente cidade que havia escapado à fúria demolidora dos espanhóis, embora sem detectar, no interior dos 200 edifícios, sinais do tesouro do imperador. Mais de cem anos depois, o complexo, erguido no último período do império inca, continua a ser um mistério para os arqueólogos, divididos entre diferentes teses sobre as suas verdadeiras funções.

Sonia Morales oferece-me uma t’shirt com a sua expressão sorridente estampada no rosto e, embora cansado do esforço despendido na subida desde Águas Calientes até Machu Picchu, através de atalhos que cortam a estrada que se semelha a uma serpente, decido-me a vencer os obstáculos que se cruzam no meu caminho até chegar ao topo de Huayna Picchu, a montanha jovem (actualmente a ascensão está limitada a 400 pessoas por dia), onde chego ao fim de 45 minutos, pleno de felicidade por poder contemplar, desde as alturas, a cidade dividida em três sectores: agrícola, religioso e civil.

Uma família, reunida para um piquenique, convida-me a provar, não sem antes exibir a cabeça e os dentes, um delicioso porquinho-da-índia, um dos pratos tradicionais do Peru, e ao lado dela, umas vezes conversando, outras em silêncio, deixo que o olhar percorra os vestígios do templo principal, de planta rectangular mas com apenas três paredes, o Intiwatana, literalmente a pedra de atar o sol e, na sua essência, o ponto sagrado de contacto entre a terra e o céu para a religião inca – é uma pedra monolítica em cujo plano superior está talhado um prisma rectangular de 36 centímetros e a longitude e a posição da sombra permitiam determinar com exactidão a altura do sol e, desta forma, a hora e as estações.

Ao longe, mais para lá, avisto numerosos grupos de turistas, como formigas, acabados de chegar depois de percorrerem o caminho dos incas e, mais para cá, o Templo das Três Janelas, com os seus muros de blocos de granito branco, as suas janelas abrindo-se para oriente, para as montanhas, com a sua forma trapezoidal para conferir maior estabilidade à construção, uma arquitectura tão refinada que lhe vale o título de pérola de Machu Picchu mas cujas funções permanecem um mistério.

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