Fugas - Viagens

  • Nuno Ferreira Santos
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Vale do Loire: Entre reis e rainhas no coração da França

É com estes nomes (e respectivos retratos) que o visitante se depara em cada uma das divisões do palácio. Sem dúvida um dos mais belos da região, Chenonceau tem a particularidade de ter sido ampliado — primeiro por Diana, depois por Catarina — através de uma ponte-galeria (de dois pisos) sobre o Cher.

Na visita, passamos sucessivamente pelos quartos de cada uma das damas e rainhas que o palácio acomodou, com destaque para a Biblioteca e o Gabinete Verde de Catarina de Médicis, que daqui governou o reino, com uma vista magnífica sobre o Cher e o jardim da sua “concorrente” Diana.

Para além das ressonâncias históricas, o palácio é também um autêntico museu de Arquitectura e Belas-Artes, com a abóbada gótica flamejante da capela, as tapeçarias dos quartos das rainhas e um impressionante espólio de pintura que reúne telas de mestres como Correggio, Bassano, Tintoretto, Rubens, Van Dyck, Murillo, Jean Jouvenet ou Henri Sauvage — que em 1901 retratou Catarina de Médicis.

Quando residência da corte, as duas galerias do palácio sobre o Cher foram palco das mais faustosas festas da época. E assim continuou a acontecer pelo tempo adiante, nomeadamente quando, no século XVIII, aí habitou Madame Dupin, a “Dama das Luzes” — Voltaire chamou-lhe “Deusa da beleza e da música” —, que no seu palácio acolhia os enciclopedistas, e em especial Jean-Jacques Rosseau, que foi perceptor do seu filho.

Durante a I Grande Guerra, Chenonceau foi transformado em hospital militar (onde foram tratados 2254 feridos) e, na II Guerra, ao tempo da ocupação nazi, a sua ponte fazia a fronteira entre a França ocupada, a norte, e o Reino de Vichy, tendo sido via de escape de muitos resistentes ao nazismo.

Chenonceau. Tel.: +33 (0) 247 234 406. Aberto todos os dias do ano
www.chenonceau.com

Château de Chaumont-sur-Loire

Regressando às bordas do rio, chegamos ao Château de Chaumont-sur-Loire, uma propriedade de 32 hectares — quase o dobro do Parque de Serralves — e que, como a fundação portuense, associa o património (aqui monumental) de uma edificação com raiz medieval mas cujo perfil actual remonta à recuperação realizada no século XIX com um jardim “à inglesa”, que no conjunto justificam uma visita de dia inteiro.

O parque e as instalações adjacentes ao castelo são utilizadas como cenários para intervenções e exposições temporárias de arte contemporânea. E outra área da propriedade é palco anual de um Festival Internacional de Jardins — que na edição do corrente ano, dedicado ao tema Pecados Capitais, contou com intervenções de três dezenas de artistas e arquitectos paisagistas de França, Itália, Holanda, Inglaterra, Rússia e EUA.

Também o edifício do palácio dedica um dos seus três pisos abertos ao público a exposições de arte contemporânea — na altura da visita da Fugas, aí se podiam ver trabalhos de artistas como Gabriel Orozco (pintura), Hans Zischler e Bae Bien-U (fotografia) e Sarkis (vitrais).

Do lado da História, no percurso da visita ao château avulta, uma vez mais, o nome de Catarina de Médicis (e também o de Diana de Poitiers), que o comprou para residência real em 1560, e aí acolheu figuras como os astrónomos Nostradamus e Ruggieri — uma das salas mantém mesmo o nome deste último, com alguns dos instrumentos utilizados pelo cientista. Também aí viveu a escritora iluminista Madame De Staël, fugida da perseguição de Napoleão Bonaparte.

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