Da Vinci, “primeiro pintor do rei”
Nem toda a gente saberá que Leonardo Da Vinci (1452-1519) foi um dos mais famosos habitantes de Amboise, onde viveu os seus últimos anos e onde viria a morrer e a ser sepultado. O seu túmulo é, de resto, uma das “atracções” no Château d’Amboise, localizado na capela gótica flamejante de St. Hubert, num dos topos do jardim. Numa lápide de mármore no chão, um medalhão em bronze feito em 2004 por de Jean Cardot imortaliza o perfil do mestre italiano.
Mas a identificação dos restos mortais de Da Vinci é algo que não está isento de dúvidas. Sabe-se que o pintor morreu em Amboise, no palacete Clos Lucé, a escassos metros do palácio real, a 2 de Maio de 1519 (há um quadro famoso de Ingres sobre este momento, com o pintor ladeado por Francisco I). E que foi sepultado na Igreja de Saint-Florentin, no perímetro do château. Mas o templo foi demolido no início do século XIX, no decorrer de uma das sucessivas alterações do palácio. Escavações realizadas em 1863 permitiram recuperar entre as ossadas umas que, por denotarem uma paralisia do braço esquerdo, foram identificadas como sendo de Da Vinci — de quem não são conhecidos descendentes e, por essa razão, não permitindo a investigação pelo ADN. A sepultura foi depois refeita na capela de St. Hubert, tendo sido colocado um busto do pintor no sítio da antiga igreja.
Convidado por Francisco I, seu incondicional admirador, Da Vinci chegou a Amboise no final de 1515, quando tinha já 64 anos — diz-se que entre os três quadros que transportou na sua viagem, de burro, desde Itália até ao Loire, estava a Mona Lisa…
Francisco I atribuiu-lhe uma tença anual e nomeou-o “primeiro pintor, engenheiro e arquitecto do rei”. Via nele, mais do que um pintor, um conselheiro. Mas não enjeitou os seus dotes de artista, encomendando-lhe projectos de arquitectura (são-lhe atribuídas as torres do Château d’Amboise, como as escadas em caracol de Chambord), urbanismo e até de festas e de artefactos, como um leão autómato.
Mas, para ver mais bem documentada a estadia de Da Vinci em Amboise, é preciso visitar o Clos Lucée, o palacete à entrada da cidade onde habitou, e que desde meados do século XIX lhe está dedicado do ponto de vista museológico. Uma exposição permanente sobre as relações de Da Vinci com a França, algumas das suas máquinas espalhadas pelo parque, transformado em percuso lúdico-didáctico para as famílias, além de outras exposições temporárias, fazem a programação deste museu, evocando um homem de quem Francisco I disse ser impossível que a vida viesse “a produzir alguém comparável”.
Guia prático
Como ir
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Onde ficar
Como se adivinha, são muitas as escolhas de alojamento naquela que é uma das regiões mais visitadas de França, e cujo fluxo de turismo naturalmente aumentou a partir do ano 2000, com a classificação como Património da Humanidade. Aqui ficam quatro sugestões, a acompanhar o percurso feito pela Fugas.