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Cuba
Não é novidade e já se sentia entre as gentes de Cuba — algo estava para mudar. Não se sabia quando, alguns temiam que estivesse longe, outros que estivesse perto. O restabelecimento das relações diplomáticas com os EUA, depois de mais de meio século de costas voltadas, num volte-face inesperado, pode ter sido o clique que faltava para essa mudança. É certo que o embargo económico que pesa sobre o país das Caraíbas (ainda) não foi levantado, mas se os ventos da mudança já se sentiam em Cuba, agora aguarda-se o furacão que lhe poderá alterar o rosto (e a alma).
Por isso, quem quer conhecer a Cuba velha senhora e herdeira revolucionária, poderá ter nestes próximos anos a última oportunidade de espreitar pelas suas janelas, antes que elas se escancarem estrepitosamente e deixem de guardar os antigos pergaminhos. Numa altura em que Cuba assumiu o turismo como motor de desenvolvimento (abrindo, inclusivamente, a porta a investimento estrangeiro, ainda que controlado) e lançou uma nova campanha de “turismo de circuitos” para ajudar os visitantes a deslocarem-se, este é o momento para descobrir a “Cuba mais autêntica”, o novo slogan turístico. A Cuba das cidades históricas — algumas comemoraram em 2014 cinco séculos vida, outras cumprirão em breve, o que significa a requalificação do património histórico (visível, por todo o lado, em Havana, que cumpre 500 anos em 2019) —, da natureza, do café e, claro, das praias. E, não sendo oficial, pelo menos por agora, a Cuba revolucionária.
Colômbia
É um país singular na América Latina, desde logo pela geografia — é o único com litoral no Atlântico e no Pacífico, guarda uma parte da floresta amazónica e é atravessado pelos Andes, que na Serra Nevada de Santa Marta se transforma na cadeia montanhosa costeira mais alta do mundo, o que permite esquiar e mergulhar no mar Caraíbas no mesmo dia. Tal compõe uma tapeçaria única de paisagens e experiências — que vão da adrenalina da “selvagem” costa do Pacífico e das alturas dos Andes à dolce vita das paradisíacas ilhas nas Caraíbas, da natureza em estado puro da selva à domesticada da zona cafeeira — que deram espaço ao desenvolvimento de uma miríade de culturas que hoje se reflectem nas gentes e na herança histórica visível em sítios arqueológicos milenares, memórias do que foi o El Dorado dos conquistadores espanhóis.
Este país singular, então, esteve escondido dos olhos dos viajantes por culpa da instabilidade interna que lhe mereceu a reputação de país perigoso, mas agora a situação parece estar a ser ultrapassada e a Colômbia desenvencilha-se dos seus fantasmas para começar a revelar os seus segredos — tanto que a TAP tem voos directos para Bogotá. E é precisamente na surpreendente e cosmopolita capital que começam a desvendar-se os segredos do país, que passam incontornavelmente pela inesperada Medellín, onde o “realismo perigoso” dos cartéis de droga deu lugar a uma cidade sofisticada, de arquitectura moderna, que se tornou na capital da moda sul-americana — sem esquecer Cartagena das Índias, que continua a ser a cidade de todos os realismos mágicos. E no mosaico colombiano, como não falar da vibração do povo, que sacode os problemas nas suas rumbas nocturnas, alimentadas por cumbias, vallenatos e a omnipresente salsa?