Em 2015, o Ringstrasse vai emanar todo o brilho acumulado ao longo dos anos, conduzindo os visitantes por rotas menos óbvias — por exemplo, pelos seus telhados —, revelando os segredos arquitecturais que lhe deram origem em várias exposições, exibindo os trabalhos dos artistas que tornaram Viena na capital cultural da Europa no final do século XIX, berço do modernismo arquitectónico e artístico. Tudo isto a juntar-se ao conto de fadas que Viena sempre foi — não por acaso, a figura mais omnipresente na cidade é a imperatriz Isabel, Sissi, a mulher de Francisco José que, diz-se, a amava perdidamente; e à cidade de vanguardas que, por debaixo do manto de um certo provincianismo elegante, ainda consegue, a tempos, ser.
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Zermatt, Suíça
É a “montanha das montanhas”, forma de dente lascado, porte majestático, erguendo-se solitária no horizonte. Dizem que tem as proporções perfeitas; algo terá para ter feito, e continuar a fazer, parte do imaginário de gerações que tentaram conquistar os seus 4478 metros de altitude. Aconteceu, pela primeira vez, há 150 anos: um grupo liderado pelo inglês Edward Whymper (partiram sete, mas quatro encontraram a morte no abismo de 1200 metros da parede norte, já na descida) alcançou finalmente o topo do Matterhorn, a sombra que se projecta, hipnotizante, sobre a cidade suíça de Zermatt. Com as pistas mais altas da cordilheira, o teleférico mais alto da Europa (chega aos 3883 metros) e mais uma série de outros recordes de altitude, Zermatt, com os seus cenários intocados, tem a adrenalina a correr-lhe nas veias mas também a pura contemplação da natureza que se oferece em redor — 38 picos de montanha que ultrapassam os quatro mil metros de altitude, 14 glaciares…
Em 2015, Zermatt terá um pouco mais de Matterhorn — se isso é possível neste canto dos Alpes que é um íman para esquiadores, montanhistas e caminhantes. A subida histórica vai ser recriada durante o Verão, no teatro ao ar livre, numa peça musical, e o mítico Hörnlihütte, o primeiro albergue destas paragens (em 1880) construído na base do Matterhorn, a 3260 metros de altitude, vai reabrir depois de obras de renovação. Festivais de música e de folclore, eventos desportivos e cerimónias mais ou menos solenes acompanharão a comemoração dos 150 anos menos solitários do Matterhorn.
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Gallipoli, Turquia
Encruzilhada de povos, a Península de Gallipoli é chão de impérios e mitos que preenchem milénios. Aqui encontrava-se a lendária Tróia, a cidade que deu nome a uma guerra que terá começado por causa de uma mulher: não uma qualquer, Helena, a mais bela do mundo, que terá sido raptada por Páris, príncipe de Tróia. Homero contou as últimas semanas da guerra de dez anos na sua Ilíada e, verdade ou mito (a guerra), a verdade é que as ruínas de Tróia foram encontradas no século XIX pelo alemão Heinrich Schliemann e são um íman para todos os que se interessam por História.
Em 2015, o Parque Arqueológico de Tróia abrirá um novo museu, mas este não será o único apelo histórico deste território no noroeste da Turquia, no Estreito dos Dardanelos, que separa a Europa da Ásia e liga o mar Egeu ao mar de Mármara. O próximo ano marca o centenário da Campanha de Gallipoli (ou Dardanelos), o ataque desastroso dos Aliados (sobretudo, australianos e neo-zelandeses) durante a I Guerra Mundial, que ajudou a forjar a Turquia, depois da queda do Império Otomano: os aliados foram contrariados por um comandante turco, que desobedeceu às suas ordens — Mustafa Kemal, que viria a chamar-se Kemal Atatürk e foi o fundador do país moderno.