Fugas - Viagens

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As cidades que se recusam a dormir

- Nunca estive em Nova Deli e não está nos meus planos visitá-la. Basta-me o conhecimento que tenho através dos meios de comunicação social. Muita gente, muito barulho, tanta confusão.

Nova Deli, cidade imemorial, imperial e misteriosa, onde o bulício, o colorido e os aromas convivem como irmãos inseparáveis, ama-se ou odeia-se à primeira vista.

- A cidade é história, politica, muita gente, calor no Verão e frio no Inverno, resume Harpinderjit Bains.

Nova Deli é única no mundo, abraça todas as religiões e castas da Índia, é uma cidade de fascinantes bazares, tradições e lendas, uma espécie de salão de múltiplos espelhos, com todos os seus problemas, entre eles o clima mais extremo do subcontinente indiano. A vasta península em que se encontra a cidade tanto a transforma num forno como a seguir num frigorífico, sem um ponto intermédio.

- A água — ou a falta dela — é um problema sério, as pessoas armazenam-na em baldes porque podem ficar durante largos períodos do dia sem uma gota. A água é barrenta, cola-se à pele quando se toma banho, conta Harpinderjit Bains.

Nova Deli foi, até à partição do subcontinente em 1947, uma cidade maioritariamente muçulmana. Muitos deles partiram então para o recém-criado Paquistão, hindus e sikhs chegaram — naquele que foi o maior intercâmbio de população produzido na história moderna. De 900 mil habitantes, Nova Deli, como um polvo estendendo os seus tentáculos, passou a acolher milhões e milhões, um número que nunca mais parou de crescer até aos nossos dias.

- Muitas famílias, com oito, nove ou mesmo mais pessoas, vivem em quartos minúsculos, um espaço que serve igualmente de cozinha e de casa de banho, assinala ainda Harpinderjit Bains.

É assim Nova Deli, a cidade das sete cidades, das diferentes cidadelas e fortes que se levantaram ao longo de quase mil anos de história, a Lal Kot/Qila Rai Pithora, Siri, Tughlaqabad, Jahanpanah, Ferozabad, Purana Qila e Shahjanabad. E uma oitava, a Nova Deli, construída por britânicos, quando a capital do Império se mudou de Calcutá para esta metrópole.

Prefiro a parte antiga, pela sua arquitectura, pelos palácios e havelis, pelo prazer de cruzar a Porta Turkman e de me embrenhar na cidade medieval, deixando-me transportar no tempo antes de passar pelo forte vermelho, o Lal Qela, com as suas muralhas que se estendem ao longo de dois quilómetros e que forma um octógono irregular, a maravilha da arquitectura mogol que é a Jamia Masjid, a maior mesquita da Índia, e os mercados de Chandni Chowk, de Kari Baoli, de Galodia e Sadar. A Nova Deli mais autêntica.

Xangai

Uma torre com 632 metros, uma ponte com 36 metros de comprimento, Xangai, a verdadeira montra da pujança chinesa, altera a sua paisagem urbana a cada dia que passa. Na verdade, após a Exposição Universal, em 2010, nada em Xangai parece ter parado de se metamorfosear. O distrito de Pudong, cuja superfície se prepara para duplicar, passando de 520 km2 para 1210 km2 (doze vezes maior do que Paris), contempla um jardim ao nível do Central Park, em Nova Iorque, uma Ópera e um centro financeiro — é uma verdadeira fusão entre o pulmão verde e um cenário cultural. Com dez novas linhas de metro de há três anos a esta parte, cinco delas passam por Pudong, uma rede que se estende por 510 quilómetros e está entre as três mais longas do mundo.

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