Fugas - Viagens

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As cidades que se recusam a dormir

Numa cidade onde os preços dos imóveis triplicaram no espaço de dez anos — e a decisão de desenvolver Xangai remonta apenas a 1992 —, os vendedores de apartamentos quase não têm tempo para dormir. Na última década do século passado, Pudong era um paraíso aos domingos, com os seus trilhos percorridos pelos locais, a pé ou de bicicleta, antes de entrarem numa cabana de pescadores para pedirem marisco grelhado.

Quando o sol se prepara para mergulhar, caminho para o Bund, respirando a brisa que sobe do rio Huangpu e observando os milhares que vão preenchendo as esplanadas. Quando foi construído pelos ingleses, no limite da sua concessão, durante a primeira idade de ouro da “Estrela da Ásia”, o Bund estava interdito a chineses e a cães mas hoje é território privilegiado de grandes hotéis internacionais, alguns deles com jacuzzi no último andar e uma panorâmica soberba sobre todo o conjunto.

Ao contrário de Pequim, Xangai preservou o seu coração histórico, mantendo e recuperando os mais belos edifícios em pedra que embelezam o Bund, alguns deles sedes de bancos chineses ou convertidos em hotéis e restaurantes luxuosos.

Percorro a rua Nankin, quase toda ela pedonal e ligação entre o Bund e a Praça do Povo, um mar de gente, vagas constantes, um vaivém que não termina. A artéria mais comercial acolhia, nos anos 1930, as melhores casas de chá e livrarias de Xangai mas hoje pouco mais tem para oferecer do que lojas de roupas e de recordações, símbolo de uma mudança que não conhece limites. A Praça do Povo revela-se particularmente interessante aos domingos, quando o dia acorda, diria que impulsionado pelo som dos sinos — Xangai é a cidade, em todo o país, com o maior número (estão contabilizadas mais de uma centena) de igrejas, especialmente católicas, e o número de praticantes não pára de crescer, apesar de se manter num impasse a normalização das relações diplomáticas entre a China e o Vaticano, interrompidas em 1951.

São Paulo

- Quando eu era pequena, São Paulo era um bom lugar. Talvez porque a cidade cabia no quintal da minha infância, nas brincadeiras com os amigos da rua. Tudo o que eu conhecia estava limitado ao bairro e, como sempre vivi afastada do centro, o clima revelava-se menos áspero. Recordo com nostalgia a feira perto de casa, o cheiro das frutas, a gritaria pelo melhor preço, a tenda do pastel e do caldo de cana e a barraca de brinquedos baratos, evoca Sâmia Gabriela, brasileira com origens portuguesas.

São Paulo, a cidade mais cosmopolita e dinâmica do país, nasceu no século XVI em torno de uma missão jesuíta e o seu crescimento, iniciado no século XIX, atingiu o seu apogeu após a II Guerra Mundial, quando o país pôs em marcha o processo de industrialização. Na mesma altura, o centro económico e político mudou-se do Rio de Janeiro para esta grande urbe, em cuja área metropolitana foi erguido um parque industrial que contempla, entre outras, fábricas de carros, material eléctrico e químico, atraindo trabalhadores de todos os cantos do país e do estrangeiro, com destaque para uma significativa colónia oriental proveniente da China, do Japão e da Coreia do Sul, com residência fixa no distrito de Liberdade (antes designado Bairro Japonês).

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