Fugas - Viagens

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As cidades que se recusam a dormir

Istambul

A antiga Bizâncio e Constantinopla, ponte entre dois continentes e durante mais de 500 anos capital do império otomano, é uma fusão entre Oriente e Ocidente, tão agradavelmente caótica, tão singular e tão inspiradora. Istambul, com 25 séculos de história e apenas quatro ou cinco postais para milhões de turistas que a visitam todos os anos, é uma cidade de segredos, que em qualquer esquina esconde algo de muito antigo ou algo novo e moderno, uma cidade que é um exemplo da arte de viver, orgulhosa da sabedoria dos mais velhos, sempre com tempo para um diálogo em volta de uma chávena de chá.

Se ignorássemos a área metropolitana das cidades referenciadas atrás, Istambul, com mais de 14 milhões de habitantes, estaria entre as primeiras cinco do mundo em termos de população. Istambul, eternamente desperta, tem tudo para oferecer e pouco pede em troca: ruínas romanas e gregas, muralhas bizantinas, mosaicos com imperadores e santos, igrejas grandiosas e das mais belas mesquitas do mundo, palácios de sultões e jardins com vistas magnificentes.

Aprecio a minha errância por Istiklal, uma atmosfera que parece saída de outra cidade que não Istambul, com a música enchendo tudo à sua volta, vinda de todas as portas, de cafés, de lojas de roupa, de livrarias, numa diversidade que abarca rock, clássica, tambores otomanos, a ney, a flauta sufi, a salsa e essa espécie de blues islâmico; quando a noite tomba, há também jazz e reggae, acid house ou à turca, techno, em bares que se multiplicam e convertem Istiklal no núcleo principal da vida nocturna da cidade.

O escritor Orhan Pamuk define Istambul como a cidade que desafia qualquer classificação, que muda e se transforma a um ritmo vertiginoso, na fronteira do excesso, mas sem nunca perder a sua alma, a sua essência, o seu keyif, a arte de viver.

Istiklal não detém o exclusivo de uma vida com vocação hedonista e o viajante, desde que se aventure e não limite a sua existência apenas aos lugares turísticos, não tardará a encontrar semelhanças em ruas como Nisantasi, Ortakoy e Bairkoy ou, já no lado asiático, em Kadikoy, ao longo da Avenida Bagdad, grande rival de Istiklal em glamour, embora lhe acrescente um pouco mais de luxo. 

Paris

A cidade do mundo, a cidade das luzes, romântica, de todas as paixões — sobram os adjectivos para descrever uma das mais encantadoras urbes do mundo. Tudo em grande escala, La Défense, erguida nos anos 1960, o maior centro financeiro da Europa, com 2500 empresas e 150 mil assalariados que se dividem por mais de 70 torres que sobem nos céus; uma população que ronda os dez milhões e cresce para todos os lados, com dinâmica, com ambição, com promessas de um metro que se estende ao longo de 200 quilómetros, um porto gigantesco em Achères, uma espécie de Silicon Valley em Saclay — Paris continua a viver a sua metamorfose.

É verdade que, segundo inquéritos recentes, um em cada cinco parisienses pretende deixar a capital para viver na província — e essa percentagem pode aumentar se a sondagem for efectuada no Verão, quando Paris recebe milhões e milhões de turistas. Mas quantas cidades, como Paris, nos podem oferecer a Europa? Provavelmente nem uma. Paris é única, uma festa, como a sentiu Hemingway, uma cidade em permanente transformação, que sonha em acabar com as fronteiras entre o espaço comercial e habitacional, em criar espaços verdes, tornando-a cada vez mais atractiva aos olhos dos visitantes e da sua população residente.

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