A cada instante seduz, atrai, magnetiza, envolve o viandante com paixão; são tantos os lugares que fascinam, o que para muitos se pode ver numa semana para outros não se esgota num mês. Eu gosto de deambular pelo Quartier Latin, pela Rue de Mouffetard, em dia de mercado, de descer até aos Jardins do Luxemburgo, de regressar, admirando a mesquita, de me deter na Place de la Contrescarpe, em frente ao Panteão, de esquecer o tempo na sua praça, de sentir o pulsar da Sorbonne e a quietude de Saint-Séverin.
Paris festeja-se a cada momento, a cada passo, umas vezes por entre milhões, outras por entre dezenas. Paris, como todas as outras que estão para trás, celebrando o Dia Mundial da População, nunca será totalmente descoberta e teimará em manter ocultos certos recantos invisíveis aos olhos do ser humano apressado e globalizado que olha um guia sem ver a cidade. Porque nenhuma palavra se compara a um sentimento. Ao sentimento de estar.
“Ninguém sabe melhor do que tu, sábio Kublai, que nunca se deve confundir a cidade com o discurso que a descreve. E contudo entre eles há uma relação.”
Italo Calvino, As Cidades Invisíveis