Ljubljana é uma cidade alegre, cheia de vida, com uma cultura muito activa, com cor (assim brilhe o sol), uma cidade que nunca desilude, relaxante — com a sua parte antiga que conserva a atmosfera de tempos passados e casas medievais, os mercados ao ar-livre, como o da praça Pogacarjev, os seus museus, a catedral de São Nicolau, dedicada aos barqueiros e pescadores, e as suas praças, como a de Preseren, o verdadeiro coração da cidade e que presta homenagem ao poeta esloveno.
Do alto do castelo, vejo, lá em baixo, aos pés da colina, as águas do Ljubljanica correrem sem pressas, formando um cotovelo que parece abraçar a cidade virada para um futuro verde.
Cinque Terre, Itália: Tanta terra, tanta cor
Riomaggiore, Manarola, Corniglia, Vernazza e Monterosso. São muitos cotovelos, muitas curvas, a forte sensação de ser guiado por uma serpente de asfalto — e traiçoeira pela facilidade com que vai revelando cenários para os quais qualquer um é obrigado a desviar os seus sentidos. A estrada encima a falésia, o mar acompanha-a, dele sobe um perfume; as terras anunciam-se, uma atrás da outra, ao longo do Golfo de Génova, até perfazerem o total de cinco. Essas, permanecendo encantadoras, como varandas para o Mediterrâneo, foram de tal forma exploradas pelos turistas que as entidades locais decidiram, há bem pouco tempo, instituir um bilhete de entrada, procurando controlar — e obter receitas — um afluxo que aumenta de ano para ano. A atracção é compreensível mal se avista uma delas — e seja ela qual for —, ora dominando a escarpa ora subindo na forma de V, com as suas casas como sentinelas de cores garridas, vigiando o mar azul. O impacto é imediato e levou a UNESCO a incluí-las na sua lista de Património Mundial da Humanidade, provocando um aumento de turistas mas, ao mesmo tempo, colocando Riomaggiore, Manarola, Corniglia, Vernazza e Monterosso a salvo das investidas dos construtores. Com ou sem turistas, as Cinque Terre são sempre mais belas vistas à distância (um percurso pedestre entre Riomaggiore e Monterosso é facilmente percorrido em pouco menos de cinco horas), como um quadro que se pinta e tem como moldura pequenas e serenas baías, com as suas águas límpidas, socalcos e as suas vinhas, o trabalho de tantas gerações num lugar onde muitos dos homens continuam a ocupar-se das actividades tradicionais, na agricultura, na pesca e cada vez mais na produção de vinho.
Riomaggiore, situada no fundo de um vale estreito e a primeira das cinque para quem viaja desde La Spezia, também está rodeada de solcalcos onde ainda se cultiva o vinho e o azeite. Embora abrigue duas igrejas, encimando as casas, o verdadeiro culto em Riomaggiore é a Via dell’ Amore, um celebrado percurso a pé, de apenas dois quilómetros, que liga aquela aldeia a Manarola. Com as suas casas amontoadas, num equilíbrio precário e pintadas de todas as cores, com as ondas que se quebram contra as rochas, de dia ou de noite, Manarola inspira o romance, rivalizando com Vernazza, à qual se chega depois de passar por Corniglia, a única sem porto e com uma vocação mais rural. Vernazza, mais desenvolvida no turismo, acolhe a maior concentração de curiosos e de comércio mas é justamente a aldeia mais fotografada das cinco: uma língua avançando para o mar, o pequeno porto, o castelo Doria que se ergue, na sua imponência, no cimo do penhasco, em permanente alerta sobre o casario coberto de múltiplos matizes.