Fugas - Viagens

  • Reuters/Mariana Bazo
  • Ireneu Teixeira
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Amazónia: Mergulhar na floresta

Os olhares reflectem a languidez do rio, a força das suas vidas é uma procura diária do peixe que passa rente às beiradas ou advém das frutas oferecidas pela floresta. Dependendo tão intimamente do rio, o transporte é a canoa que se aprende a manejar desde criança, ou a “voadeira” ou o barco regional possante no seu transporte, ou o barco simples e lento, que para muitos ribeirinhos serve de habitação. Vilarejos onde crianças e idosos reproduzem o cansaço de uma vida.

A solidão é um parceiro constante deste processo. “Passo uma semana a trabalhar nas castanhas ou em casa, à espera do marido”, desabafa dona Vera Lúcia. Solidão muitas vezes provocada pela busca da sobrevivência, mas compensada pelo nascimento de inúmeras crianças. Esquecidos ou lembrados, os ribeirinhos levam a sua vida, tendo os rios e floresta como seus parceiros. Aqui a vida pulsa, na flora na fauna a vida corre, escorrega no curso dos rios, é natureza, ciência, trabalho, consciência e pessoas que fazem parte desse mundo, com os seus sonhos, batalhas e alegrias. As suas vozes misturam-se para contar essa história e para construir um futuro novo, todos os dias. Foram três deliciosos e inesquecíveis dias, que apesar de corridos, nos encantaram e envolveram. Saímos de Mamirauá com uma nova (e intensa) relação com os sons da mata, com os cheiros da floresta e com a visão mais aguçada sobre a vida. Foi uma viagem às nossas origens mais viscerais: ao nosso próprio corpo e como ele se relaciona com o que nos cerca. Regressamos a casa mais próximo de nós mesmos e mais atentos aos contornos da realidade quotidiana. Há que voltar aonde se foi feliz.

"Em plena selva, Brasil ao vivo, vive uma gente

gente que é nossa, lida na roça,

gente valente, vence a corrente,

vence o rio bravo

e faz da selva, mundo vazio, cheio de amor..."

(Raízes Caboclas)

 

GUIA PRÁTICO

Como ir
A TAP suspendeu a circular que fazia Lisboa-Manaus-Belém. Agora, quem quiser aterrar na capital amazónica terá de ir primeiro a Belém e de lá viajar para Manaus em code-share com a Azul. De Manaus pode seguir no barco regular até Tefé numa travessia de 48 horas ou de lancha rápida, em apenas 12 horas mas que pode ficar mais dispendioso do que ir de avião (1h10). De Tefé à reserva, seja a Pousada Uacari ou a Pousada Casa do Caboclo, conte com cerca de uma hora de lancha. Necessita de se munir do seu passaporte com prazo de validade com um mínimo de seis meses.

Quando ir
Mamirauá apresenta características ecológicas muito particulares, já que se encontra na área de várzea (alagável), que ocupa todo o território da reserva, mas apenas três por cento de todo território amazónico. Durante seis meses do ano, a região fica completamente submersa, período que é chamado de cheia e acontece no Inverno amazónico (entre Novembro e Maio), quando chove muito e várias vezes por dia. Já no período seco, ainda que as chuvas sejam ocasionais, o nível do rio desce até aos seus patamares mais baixos. A diferença no nível do rio, entre esses dois períodos, oscila entre os 12 e os 15 metros. No meu caso, caminhei pela mata durante o período da seca e foi impressionante ver as árvores marcadas pela água que chegou a meio caminho das copas. Ao invés, nas cheias, os percursos realizam-se de canoa, sendo que as duas paisagens são completamente distintas. Se possível, conheça ambas.

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