Alimentação
Na comunidade, a dieta alimentar é a base de peixe, com o delicioso pirarucu à cabeça, legumes e frutas tropicais. Se tiver tempo em Tefé, não deixe de visitar (e comer) na padaria Luzitana, fundada por Manoel da Silva Retto, português de Avanca nascido a 5 de Junho de 1890 e que chegou a Tefé com 25 anos atraído pelo ciclo da borracha no Amazonas.
Onde dormir
Se optar por um contacto mais próximo dos ribeirinhos dentro da reserva Mamirauá, tem duas possibilidades: a Casa do Caboclo (www.pousadacasadocaboclo.com), de acomodações simples mas confortáveis e com banhos comunitários, administrada, desde 2014, pelo casal Ruth e Choca, ou a Pousada Uacari, que funciona em parceria com o instituto Mamirauá. Este lodge flutuante está totalmente integrado na paisagem e funciona com pacotes que até pode incluir saídas com os investigadores de onças. Toda a informação em www.pousadauacari.com.br.
Instituto Mamirauá
Neste lugar paradisíaco de várzeas, igapós e igarapés, o sonho de uma Natureza protegida e de uma sustentabilidade participativa do caboclo amazónico tornou-se realidade. Desde a sua criação, o projecto foi liderado pelo biólogo José Márcio Ayres e pela antropóloga Deborah Lima, os residentes tiveram ampla participação nas pesquisas científicas e na gestão da unidade.
O contexto socio-ambiental da região do médio Solimões na década de 1980 era difundido através de um movimento social apoiado pela Igreja Católica. Nessa altura, as comunidades ribeirinhas já se articulavam para proteger os “seus” recursos naturais contra as investidas predatórias de pescadores e madeireiros ilegais provenientes dos centros urbanos. Muitas espécies estavam ameaçadas como o macaco uacari-branco (objecto de estudo do biólogo Márcio Ayres), onça-pintada, peixes-boi, tartarugas, pirarucus e várias espécies madeireiras. Em 1990, Mamirauá foi convertida em unidade estadual e, em 1996, transformada, finalmente, em reserva de desenvolvimento sustentável.
Além de uma grande infra-estrutura montada em Tefé, o instituto possui no campo de pesquisa mais de vinte bases, posicionadas estrategicamente, por forma a que cada pesquisador não passe mais de duas horas navegando sem encontrar uma base de apoio, que estão instaladas com energia solar, sistema de bombeamento de água e rádio de comunicação. A reserva trabalha com cinco programas essenciais: ecoturismo, manejo florestal comunitário, manejo de pescas, artesanato e agricultura familiar. Os resultados são uma lição para a Humanidade: quando a população se sente parte do processo e se apropria da proposta de conservação, a defesa do território é a consequência. Os projectos de manejo participativo dos recursos naturais, principalmente os recursos pesqueiros, têm-se revelado uma ferramenta importante para a protecção da área. Os pescadores locais sentem que beneficiam directamente com a conservação de uma área que é, afinal, o seu sustento.
Turismo Comunitário
Em Mamirauá moram cerca de onze mil pessoas, distribuídas por dezenas de comunidades. Cada comunidade tem sua área de abrangência, a sua organização própria e as suas assembleias. Os caboclos da região vivem basicamente da pesca e da agricultura de subsistência e, desde 1998 com a criação da Pousada Uacari, o turismo passou a fazer parte da economia local. Os trabalhadores da pousada são todos ribeirinhos, ou familiares de ribeirinhos, e há uma associação de guias locais, chamada AAGEMAM, (à qual pertence Tito) que organiza a actividade. O objectivo é que, em breve, a gestão da pousada seja realizada pelas comunidades e não pelo Instituto Mamirauá, como acontece hoje em dia.