O Jabin pediu hemmagjorda kottbullar med graddsas, rarorda lingon, pressgurka och potatismos, o que no prato se traduziu por quatro almôndegas cobertas de molho, acompanhadas por puré de batata, pickles e um punhado de groselhas cor de rubi. Enquanto conversávamos com o empregado de mesa, fomos interrompidos por uma erupção de canto na sala em frente. Ele falou-nos do hábito sueco de cantar sempre antes de um copo de aquavit. Na mesa ao lado da nossa, largaram os talheres e juntaram-se ao coro.
O Jabin engoliu as suas almôndegas e saímos antes do segundo round.
Como recordação, tinha uma ideia na cabeça (que mantive secreta) mas tive medo que nenhum sueco moderno ousasse ter aquela coisa em particular que eu ambicionava. Na K&U, uma loja de roupa na ilha de Sodermalm, vi um par de tamancos, e enquanto um dos empregados foi buscá-los pedi ajuda aos outros funcionários. A filha do dono da loja apontou para os sapatos de madeira e disse: “Aqueles ali.” Como segunda opção, recomendou um cavalo Dala (pronto, o segredo está revelado) e assegurou-me que a família tem várias dessas figuras de artesanato em madeira. Mandou-me para o Ahlens City, os maiores armazéns da cidade, fundados em 1899. Encontrei lá várias prateleiras de cavalos, no quarto andar, perto de um balcão de informações de turismo (sim, é tão gigante quanto isso). Escolhi um cavalo Dala encarnado, com uma flor artística e folclórica pintada nas costas e uma risca preta no focinho.
O Museu Vasa, que se diz ser o museu mais visitado da Escandinávia, conta uma história alarmista sobre o design sueco – mas, para defesa do país, os holandeses também foram responsáveis pela tragédia. Em 1628, partiu para o mar um navio de guerra de 68 metros, enviado pelo rei Gustavo Adolfo, que pretendia dominar o Báltico. A embarcação, construída por um armador holandês, afundou a menos de dois quilómetros da costa. O Vasa ficou no fundo do mar durante 333 anos até ser resgatado, restaurado e transportado para um edifício, a salvo de mares instáveis e caprichos reais.
O museu fica no Royal National City Park, que abriga várias instituições culturais, carvalhos e criaturas da floresta. Em Junibacken, do lado oposto ao museu, consegui esgueirar-me entre carrinhos de bebé e entrar numa infância sueca. “Ando a lê-los desde que tenho três ou quatro anos”, diz uma mulher jovem com o Story Train nas mãos, uma viagem mágica às histórias de Astrid Lindgren [escritora sueca de livros infantis, como a Pipi das Meias Altas]. “Esta parte faz-me sempre chorar.”
Na rua, reparei numa lenta fila de carros atrás de militares montados em cavalos e uma carruagem. Perguntei a uma moradora de que procissão se tratava. Ela disse que o rei Carlos Gustavo XVI fazia 70 anos no dia seguinte e supostamente iria dar uma festa ali perto. Tudo muito novo para mim e muito velho para os suecos.
Dias 5-7: Antananarivo, Madagáscar
População: 23,8 milhões
Célebre por: lémures, camaleões, lémures, sapos, lémures, embondeiros, lémures
Obrigatório ver: Parque Nacional Andasibe-Mantadia
Obrigatório comer: ravitoto
Lembrança: baunilha de Madagáscar