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Dois repórteres numa viagem de 34.798 quilómetros

Vaguear por Singapura foi terapêutico. As ruas estão limpíssimas e os edifícios brilham ao sol. A temperatura tropical está tipo sauna. Mas enquanto limpo a cara com toalhitas penso que estou a purificar e não a transpirar.

A caminho da Singapore Flyer, a maior roda gigante fora dos EUA, desvio-me para uma zona de comida ao ar livre (foi o calor que me levou a isso) e peço um chin chow de olhos-de-dragão. A taça de granizado vinha com uma capa de cubos gelatinosos, fruta tropical e umas esferas misteriosas que explodiam como caviar doce. O prato transformou-se num caldo e tive de me ver livre da colher para o sorver.

Nas curtas horas que restavam, tivemos de nos infiltrar numa visita ao Buddha Tooth Relic Temple and Museum, com ensinamentos espirituais dentro de uma estupa em ouro maciço. Acendi um pau de incenso e pensei num desejo. Poderia pedir uma recuperação rápida do meu nariz a pingar e da minha tosse, mas não quis estragar o momento. Em vez disso, recorri ao Tiger Balm para resolver esse problema. Apliquei o unguento antes do voo para Hong-Kong, deixando assim o buda livre para tratar de tudo o resto.

Dias 16-19: Hong Kong

População: 7,4 milhões
Célebre por: skyline esmagadora, Victoria Peak, voltas de barco nos tradicionais barcos de juncos em Victoria Harbor, compras (de produtos electrónicos), o mercado nocturno de Temple Street
Obrigatório ver: mosteiro de Po Lin na Lantau Island
Obrigatório comer: dim sum
Lembrança: algo do Goods of Desire

Hong Kong deu-nos as boas vindas com uma festa de dança na rua. No bairro de SoHo, os bares explodiam ao som de uma playlist universal composta de Britney, Bieber e Bruno, que era como uma sirene para os borguistas multinacionais, levando-os a emborcar shots servidos por seringas e a despir as camisas.

Olhei para o Jabin, que estava a comer tacos, e sugeri que não dormíssemos na nossa última noite. Podíamos jantar, beber, dançar, apanhar as nossas coisas e ir directos para o aeroporto. Ele disse-me que fazer uma directa foi uma das melhores ideias que eu tive desde que iniciámos a nossa viagem épica. E eu que achava que reservar lugares na coxia tinha sido o meu melhor momento.

O percurso que tinha parecido tão longínquo caíra finalmente aos nossos pés. Depois de um voo de quatro horas de Singapura, só nos restavam dois dias completos para chegar ao nosso destino final. Também podíamos ter aligeirado as visitas turísticas, mas não: decidimos levar-nos à exaustão. A fadiga extrema parecia o estado ideal para o voo de 14 horas e meia até casa.

O território autónomo ao largo da costa chinesa tem o pulsar de Manhattan ou Banguecoque. A cidade está cheia de descobertas, curiosidades e episódios dramáticos. Becos escuros parecem saídos de um cenário de film noir para um atalho ou beijo ilícito. Respirar aquele ar quente era como engolir uma bebida energética salpicada com uma coisa mais forte.

Percorrer o caminho do hotel até à estação de metro acabou por se transformar no exercício físico que bem precisávamos. Subimos escadarias íngremes, atravessámos faixas de trânsito compacto, saltámos obstáculos – nomeadamente grupos de transeuntes lentos colados aos seus gadgets. Apanhámos o metro (o transporte público foi uma estreia para nós) para a Lantau Island e subimos a bordo de um teleférico até ao Tian Tan Buddha, uma estátua em bronze gigante de pernas cruzadas no topo do Mount Muk Yue. Quando pisei o chão de vidro reparei num caminhante solitário que percorria o trilho a pé. Partilhámos o compartimento com uma família, e o filho do casal batia nas árvores, evitando por pouco a cabeça do caminhante.

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