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Dois repórteres numa viagem de 34.798 quilómetros

Dia 15: Singapura 

População: 5,67 milhões
Célebre por: arquitectura moderna, bairros multiculturais, comida de rua, limpeza
Obrigatório ver: Buddha Tooth Relic Temple and Museum ou o Singapore Flyer
Obrigatório comer: tosta kaya
Lembrança: chocolates Merlion, Tiger Balm

Os ouvidos foram os primeiros a relaxar, depois o resto. Ninguém estava a apitar as buzinas, ou a falar acima dos decibéis de um bebé a dormir. Estávamos em Singapura, um intervalo entre as actividadades desportivas da Índia e Hong-Kong. 

Depois da aura pneumática de Bombaim, a correria da ilha cidade-Estado era tão suave como um par de auscultadores com isolamento em veludo. Quando entrei no táxi, depois de um voo nocturno de cinco horas e meia, deixei-me levar pela calma com que o motorista descrevia as atracções que iam aparecendo pelo caminho (os Jardins Botânicos, o templo hindu Sri Mariamman) e recomendava actividades (os parques temáticos da ilha de Sentosa, fazer compras na Orchard Road). Depois de se enganar no desvio para o hotel, encostou e desligou o taxímetro para se desculpar. Eu e o Jabin teríamos menos de 30 horas em terra, e facilmente conseguiria passá-las a passear dentro deste carro tranquilo.

Nesta altura já estávamos habituados a vaguear num estado meio zombie e sabíamos exactamente do que precisávamos para nos juntarmos ao reino dos vivos: uma tosta kaya. Esta comida de pequeno-almoço facilmente se encontra em qualquer bairro, a qualquer hora do dia. Fomos procurar a versão mais autêntica, recuando no paladar a uma Singapura do início do século XX. (O restaurante minúsculo que escolhemos ficava num centro comercial no People’s Park Centre, por isso foi preciso alguma imaginação para essa viagem no tempo).

A Ya Kun Kaya Toast, uma cadeia com mais de 50 lojas espalhadas pela Ásia, foi fundada por Loi Ah Koo, um imigrante da ilha chinesa de Hainan que trabalhava num café, servindo quem aparecia: operários, comerciantes, maquinistas de barcos, especuladores. Num espírito empreendedor, ele e a mulher começaram a servir refeições mais alegres, com uma tosta coberta de geleia de kaya, ovos, leite de coco, açúcar e folha de pandano, com manteiga fria no meio. Tudo acompanhado por dois ovos cozidos e uma chávena de café ou chá.

Jabin deu uma dentada no pão doce. “Dava uma óptima...” começou por dizer. “Comida para jet-lag?”, interrompi. “Comida para ressaca”, continuou. “Adoraria que pusessem bacon. Aí estaria completo.”

A população de Singapura é formada por três grupos étnicos principais: chineses, indianos e malaios. Na Chinatown, as lanternas ficam penduradas como luas vermelhas sob ruas estreitas. As lojas vendem uma amálgama de souvenirs. Há anúncios para incitar às compras: um por quatro dólares, três por dez dólares. O merlion é a mascote de Singapura e este híbrido de leão e peixe aparece em qualquer objecto imaginável, incluindo isqueiros baratos, relógios, termómetros e conjuntos de garfinhos de azeitona. Dei uma vista de olhos pelas prateleiras de produtos comestíveis com a imagem do merlion, resistindo à mania de comprar umpack inteiro de chocolates, e ficando-me por uma tablete. Também levei um Tiger Balm feito localmente para aliviar uma gripe que viesse pôr em risco o nosso périplo saudável.

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