A rede de transportes públicos de Zurique é, por outro lado, não raras vezes apresentada como um modelo de sustentabilidade para outras cidades, com uma coordenação perfeita entre eléctricos, comboios e autocarros, tornando a mobilidade simples e eficiente e atraindo negócio e pessoas a uma urbe com grande qualidade de vida e que também se evidencia pelo seu grau de excelência em áreas como a saúde, a educação, bem como pelas oportunidades de emprego que proporciona.
Singapura
A cidade que também é uma ilha e um país ocupa o primeiro lugar (logo secundada por Hong Kong) do subíndice económico, impondo-se, cada vez mais, como verdadeiro tigre asiático numa classificação que, ao contrário das outras duas, engloba menos representantes europeias entre as dez em destaque, em virtude da intromissão de Nova Iorque e Dubai (Londres, Zurique, Edimburgo, Praga, Paris e Estocolmo são as restantes de uma lista em que Lisboa surge apenas na 61.ª posição).
Nos seis padrões analisados pelo estudo da Arcadis no índice do rendimento, como infra-estruturas de transporte, desenvolvimento económico, conectividade, emprego, turismo e facilidade de fazer negócio, Singapura assegura a sua presença em qualquer uma delas entre as dez mais pujantes, liderando mesmo, a nível mundial, o último item e rivalizando com Macau na área do turismo. Mas a prosperidade que tem marcado, nos últimos anos, a vida do gigante económico não encontra paralelo nos outros dois indicadores, social e ambiental, uma realidade que não é exclusiva de Singapura mas de quase todas as urbes que se destacam pela facilidade de gerar dinheiro (no índice pessoas, o pequeno estado não vai além do 48.º lugar, enquanto Hong Kong é 81.º entre uma centena).
Os mais nostálgicos, aqueles que conservam uma memória de um lugar mais sereno, encontram o seu refúgio na vizinha Pulau Ubin, uma ilha que, estando próxima, parece situar-se, pela sua atmosfera plena de quietude, a milhares de quilómetros de distância de uma cidade que enfrenta graves problemas na área da habitação (segunda maior densidade populacional do mundo, logo depois do Mónaco). Em 70 anos, Singapura viu aumentar o número de habitantes de 700 mil para cinco milhões, prevendo-se que ultrapasse os seis milhões até 2030. À falta de espaço, há que juntar ainda o envelhecimento da população, impondo-se a criação de infra-estruturas de carácter social, uma carência com forte impacto na má classificação obtida por Singapura no índice que avalia o grau de satisfação das pessoas — agravada com o excessivo número de horas de trabalho, a desigualdade nos rendimentos e a acessibilidade.
Para contrariar esta tendência, as autoridades têm já definido um ambicioso projecto que pretende tornar verdes pelo menos 80% dos edifícios, bem como uma estratégia para um melhor aproveitamento da água, denominado close the loop (o acordo para o fornecimento de água com a Malásia terminará em 2061). Por outro lado, um outro conjunto de iniciativas sustentáveis estão em curso para que Singapura evolua e se mantenha competitiva: o governo já disponibilizou uma verba significativa para ser investida nos próximos dez anos de forma a melhorar a mobilidade e a conectividade dentro da cidade, estando previstas duas novas linhas de metro, extensão das quatro já existentes, um novo terminal e uma nova pista no aeroporto de Changi (considerado o melhor do mundo nos últimos anos), um comboio de alta velocidade entre a Malásia e Singapura e a recolocação do porto de contentores.