Fugas - Viagens

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Os novos desafios das melhores amigas do mundo

Por Sousa Ribeiro

Zurique é líder, Praga é uma surpresa, Seul e Singapura são as únicas que se intrometem no reinado europeu das cidades sustentáveis, de acordo com o relatório recentemente divulgado por uma consultora holandesa. A propósito do Dia Mundial das Cidades, apanhámos boleia para esta viagem pelo top dez.

People, planet e profit. Pessoas, planeta e rendimento são estes os três pilares em que se baseia o estudo da Arcadis, uma empresa de consultadoria holandesa, para estabelecer o ranking das cidades sustentáveis e cujos resultados foram publicados no mês passado, conferindo o primeiro lugar à cidade suíça de Zurique, enquanto Lisboa se posiciona ligeiramente a meio (46.º lugar) numa lista de cem urbes. Para a Arcadis, o resultado final alicerça-se nas componentes social, ambiental e económica, sustentadas em fontes como o Banco Mundial, a Organização Mundial de Saúde, o índice das cidades verdes elaborado pela Siemens ou a Skytrax, também uma empresa de consultadoria, com sede no Reino Unido, que analisa o mercado de aviação com o objectivo de eleger a melhor companhia aérea, o melhor serviço a bordo, o melhor aeroporto, entre outros aspectos.

A poucos dias de se celebrar o Dia Mundial das Cidades (31 de Outubro), a Fugas viaja pelas dez que lideram o estudo da Arcadis, não à procura dos seus monumentos, das suas principais atracções, mas em busca do trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pelos seus políticos para proporcionar melhor qualidade vida aos seus habitantes e a todos aqueles que nelas trabalham no dia-a-dia.

Percebe-se que há um longo caminho a percorrer, especialmente no continente africano — mas não só; Manila, Nova Deli, Nairobi, Cairo e Calcutá ocupam, por esta ordem, os últimos lugares da tabela da Arcadis.

Zurique

O grande coração financeiro da Suíça e um dos que mais pulsa no mundo — assim se poderia definir, em menos de duas linhas, uma cidade que, sendo a mais importante do país, vive discretamente rodeada por um quadro de sonho. Aquela que é considerada a porta de entrada nos Alpes suíços cativa ao primeiro instante, enquadrada pelas montanhas e pelo aprazível lago com os seus 40 quilómetros de largura, cenário de recreio e de tranquilidade; em Zurique nasce também o rio Limmat, que rasga a cidade e beija as margens onde se ergue o centro histórico. Perante este quadro, conjugando factores importantes para tornar mais feliz o dia-a-dia dos cidadãos, não admira que a urbe cosmopolita figure no topo mundial das cidades sustentáveis e que continue a atrair turistas e homens de negócios como noutros tempos seduziu figuras como Thomas Mann, James Joyce, Richard Wagner, Bertolt Brecht, Le Corbusier, Lenine e tantos outros, como os artistas que, exilados da I Guerra Mundial, criaram o dadaísmo, no número um da Spielgasse, no mítico Cabaret Voltaire.

Duas cidades suíças garantem um lugar entre as três que mais se mostram amigas da natureza e do ambiente — Genebra ocupa o terceiro posto —, mas Zurique surge logo em 5.º no índice do rendimento, pelo que, sem surpresa, face aos resultados, se afigura como uma das mais apetecíveis no mundo não só para investir, como também para trabalhar e viver. Na verdade, a reputação de cidade saudável, renomada mundialmente pelas suas instituições financeiras e preocupada com o meio ambiente não é de hoje, mas, recusando-se a viver nesse passado, Zurique enfrenta com dinamismo novos desafios, entre eles o de se tornar, em 2050 (cumprindo um objectivo do qual foram pioneiros e que é uma das metas definidas para um desenvolvimento sustentável do milénio) numa sociedade que não consome mais do que 2000 watts de energia per capita. Já há dois anos, por exemplo, foi inaugurado, na cidade, o complexo habitacional Kalkbreite, uma cooperativa de moradores em que todos se comprometem a viver segundo um modelo ecológico, abdicando de carro próprio (uma garagem no subsolo tem capacidade para 300 bicicletas) e limitando o seu espaço a pouco mais de 30 metros quadrados (a média, na Suíça, aproxima-se dos 50), o que implica a partilha de cozinha e de lavandaria, por exemplo.

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