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De Belmonte a Castelo Novo, pelos caminhos de Portugal

 

Almeida
“Saio da porta e estou a viver”

Passamos ao largo do balcão da Caixa Geral de Depósitos, que tanta polémica gerou nas últimas semanas, sem darmos por ele. Mas não é preciso nem meio dedo de conversa para esbarrarmos no assunto. “Faz muita falta, é uma vergonha”, revolta-se Paula Silva na esplanada da Casa da Amélinha. Fundada em 1883, já teve vários nomes mas mantém-se a tasca mais afamada de Almeida, tão célebre que teve de expandir-se ao café da frente. E sempre pelo mesmo motivo: a ginginha. “A dona Amélia está no lar. Agora é a Olívia que a faz, com a receita da mãe”, conta Paula. Mas ainda não provámos o licor e já a conversa derrama na política. É que “faz mesmo falta”, o balcão da discórdia.

“Muitas pessoas deslocam-se a Almeida no dia 8 [de cada mês] porque é a feira municipal e o único dia em que há transporte público para cá”, diz Paula. “Aproveitam para tratar de coisas nos serviços da Câmara Municipal, no tribunal, nas finanças, na Caixa.” Agora têm de tirar outro dia para ir até Vilar Formoso, a vila mais populosa do concelho, onde permanecerá o segundo balcão da CDG, apesar de não ser sede de concelho. Dentro da estrela de muralhas de Almeida estima-se que hoje não vivam para lá de uma centena de pessoas. Mas estão aqui sediados quase todos os serviços municipais. Há um minimercado, uma farmácia, um restaurante, um hotel. “Só o posto da GNR e o hospital é que estão fora das muralhas.”

Paula Silva, de 48 anos, nasceu em França mas a família regressou quando tinha 12 anos. Viveu no centro histórico grande parte da adolescência e é aqui que ainda trabalha, na autarquia. Mas quando chegou a hora de comprar casa, preferiu instalar a família além-muralhas. Aqui há que obedecer a regras de protecção do edificado histórico. “Lá fora, cada um constrói como tem vontade, não é?”

É da “arquitectura militar” da Praça-Forte de Almeida e da “rudeza” das condições na região que José Pereira, com 69 anos, mais gosta em Almeida. Natural do Porto, veio pela primeira vez à vila raiana em 1987, quando um amigo o desafiou a visitar a terra natal. Foi um passo até juntar-se à Associação dos Amigos de Almeida. “Fizemos um levantamento no concelho de tudo o que eram fontes, esculturas e arquitectura antiga”, recorda. Para quê? “Tirar Almeida do marasmo”, repete de quando em vez. Organizavam encontros, homenagens, pequenas iniciativas.

A reabilitação do antigo Trem de Artilharia e Arsenal, erguido no século XVII, foi uma das lutas. “Queria que o recuperassem e usassem, nem que fosse como multiusos”, recorda. Em 1998, renasceu como Picadeiro d’El Rey, um complexo hípico com centro de BTT integrado. Em 2006 convidaram José Pereira para o cargo de director. “Nunca tinha montado a cavalo”, ri-se. “Vim para a gestão, depois tive de aprender.” É por cima das cavalariças, num apartamento de apoio, que José Pereira passa agora a maioria das noites. Vai muitas vezes ao Porto, onde ainda vive a família. Gosta de viajar. Mas não troca Almeida por nada. “Aqui saio da porta e estou a viver.”

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