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De Belmonte a Castelo Novo, pelos caminhos de Portugal

 

Castelo Rodrigo
Amêndoas e uma história de amor

Foi o amor que fez André Carnet, de 78 anos, trocar França por Castelo Rodrigo. “Encontrei uma rapariga portuguesa em Paris e casei-me com ela”, ri-se. Em 1982, compraram “uma casita” na terra natal de Maria Helena, 56 anos, e todos os anos vinham de férias. Mas André sentia que a aldeia estava demasiado abandonada para o potencial que tinha. Queria dar-lhe “um bocadinho de vida”. Em 2000, abriu a loja e salão de chá Sabores do Castelo. Dois anos depois, o “doutor em Economia e Direito pela Sorbonne”, com carreira feita na banca e em empresas de engenharia agrónoma, reformou-se e mudou-se para Castelo Rodrigo. “Há 15 anos que estou preso aqui. Trabalho 12 horas por dia, sete dias por semana”, queixa-se em gargalhadas, os óculos descaídos sobre a ponta do nariz. Ironia do destino, foi Maria Helena quem se cansou da vida de aldeia e mudou-se para Caxias, onde tem um atelier de pintura em azulejo.

À loja não param de chegar turistas alemães. Não serão muitos os que têm menos de 60 anos. À tarde, André prevê a chegada de “sete autocarros de americanos e ingleses”. “Vêm todos dos passeios de barco no Douro. Param em Barca de Alva e vêm directamente para aqui.” E, a avaliar pela fila junto à caixa, serão poucos os que não levam um dos pacotes de amêndoas criadas por André. A ideia surgiu com uma memória. Em 1946, no rescaldo da Segunda Guerra Mundial, havia um vendedor ambulante na Praça da Ópera, em Paris, que fazia e vendia praliné de “fraque, chapéu e luvas brancas”. André dispensou a indumentária mas ficou com as amêndoas forradas a capa de açúcar. Diz nunca ter encontrado “amêndoa tão boa” como a do Douro, produzida aqui na região. “Larga, fina, com muito sabor”. Era o produto regional ideal para apostar num negócio. Começou com a receita tradicional e diversificou a oferta ao gosto dos clientes. Os portugueses gostam de canela? Amêndoas de canela. Os espanhóis pediam com flor de sal, picantes, um californiano perguntou se não tinha fumadas. “Não se preocupe que daqui a umas semanas já tenho”, ri-se. Hoje há 11 variedades à venda. Com as amêndoas e os chás, oferece folhetos informativos sobre Castelo Rodrigo, que ele próprio escreveu e imprimiu. “As pessoas queriam descobrir, compreender e não havia material em diferentes línguas. Então fiz eu. É a minha maneira de ver o turismo”.

Num dos panfletos, André faz um resumo da história de Castelo Rodrigo, aponta num mapa os principais lugares de interesse. A localidade pertenceu aos Rodrigos de Castela até ao Tratado de Alcanizes, que em 1297 delimitou a fronteira entre Portugal e Espanha. Da fortificação nada resta além de ruínas. O antigo palácio terá sido incendiado pelos portugueses durante a Guerra da Restauração e, mais tarde, dinamitado pelos espanhóis após a derrota na Guerra dos Sete Anos. Para lá da Porta da Traição, uma gruta conta uma lenda: “Reza a história que ligaria o castelo à hospedaria do convento, permitindo ir buscar ajuda e mantimentos durante os cercos”, conta Manuel Franco. Escavações e estudos científicos provaram não passar de uma boa história. Nas ruas da aldeia, encontram-se igrejas, cafés, lojas de artesanato, casas senhoriais de fachada cuidada. Janelas manuelinas e vestígios árabes. Miúdos a saltar muros. Há vida.

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