Nas muralhas, notam-se as marcas das construções que outrora aí estiveram encostadas, na cor das pedras (silhares) - mas esses edifícios, arruinados, foram completamente arrasados quando, no século de XIX, o castelo serviu de cemitério, depois da proibição de enterramentos nas igrejas.
Há quatro escadas de pedra que permitem a subida ao adarve, que se percorre ininterruptamente em piso de xisto restaurado, entre merlões largos e outros mais estreitos que terminam em pirâmides (nos torreões) - estes, têm apenas frestas para a utilização de arco e flecha, os outros já tem troneiras, o que indicia uma adaptação às armas de fogo (possivelmente do reinado de D. Manuel I): a fresta tem na base um buraco cónico, porque o pequeno canhão era pousado no chão (e na barbacã até existem dois níveis de tiros).
O acesso à torre de menagem faz-se pelo adarve, quase por cima da porta principal: o escudo manuelino na frontaria e duas salas abobadadas (os arcos de fresta unem-se em escudos de quinas apoiados em grossas colunas) em cada andar, no primeiro, piso de pedra vermelho, no segundo de madeira - a mesma madeira que faz outro andar em varanda, uma mão estendida para as abóbadas. Antes de sair para o terraço em quinas, espreitamos os balcões (quase varandas mas que cobrem uma pessoa), com orifícios em baixo, para o tiro vertical - são uma solução "tipicamente gótica", estes balcões com matacães.
Do topo da torre de menagem, vê-se o rio e as suas margens arranjadas, praia fluvial incluída, e o casario que tem um pouco do castelo e não só - há aras romanas em casas e na parede exterior da Igreja São João; noutra casa, um miliário também romano é decoração. E, depois, há casas com janelas manuelinas descaracterizadas. Nem todas as pedras têm o mesmo valor no Sabugal.
Castelo do Sabugal
6320 Sabugal
Tel.: 800 262 788
E-mail: geral@cm-sabugal.pt
http://web.cm-sabugal.pt/
Horário: De Outubro a Março das 9h30 às 13h00 e das 14h00 às 17h30; de Abril a Setembro, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00. Encerra à segundas e feriados.
Preço: €1
Tomar
Se Carlos Bernardo tivesse de eleger o seu castelo preferido de Portugal seria o de Tomar. É verdade que a parte que mais o arrepia é o Convento de Cristo visto da Porta do Sol, mas apostamos que concordaria com Mário Jorge Barroca, que diz que "o Castelo de Tomar tem importância europeia, se for devidamente interpretado e valorizado". Coisa que nem sempre tem sido: "Quando se tem coisas vistosas ao lado, o que é mais austero passa despercebido".
O que está ao lado é o Convento de Cristo com a sua a Janela do Capítulo, manuelina, mas antes de tudo isso existia um castelo, onde até se mantém a mais antiga torre de menagem portuguesa, de 1160 - e só por isso é importante. Mas, claro, não se pode falar do Castelo de Tomar sem falar dos templários: foi construído para ser a sede da ordem em Portugal e (também) por isso foi tão inovador.
Passamos o primeiro pano de muralhas e estamos na barbacã a dar a curva para a Porta do Sol, a principal. É impossível não reparar na estrutura rampeada na base da muralha do nosso lado direito - é um alambor, influência directa do Próximo Oriente (trazida pelo mestre da ordem na altura, Gualdim Pais, que esteve cinco anos nas cruzadas) e o que torna o castelo "verdadeiramente importante", considera Mário Barroca. Noutros castelos voltará a ser utilizado, mas em dimensão muito menor - aqui, está em toda a fortificação, protegendo de escalonamentos ou de uso de máquinas de guerra.