A cerca da vila está quase aos pés da fortificação, interrompida pela construção desta, que a delimita em dois momentos - "parece que caiu uma bomba", havia descrito Mário Barroca. No adarve, a vista da Porta de Évora, a principal, flanqueada por duas torres e ladeada por dois canhões no jardim que ali começa, está quase em simetria com a Praça do Município (espécie de linha divisória entre a cidade velha e a nova); andando um pouco mais, descobrimos a torre de menagem, também do lado de fora da muralha. Do lado de dentro, mantém-se o cemitério - à entrada, o túmulo de Florbela Espanca.
Castelo de Vila Viçosa
7160-243 Vila Viçosa
Tel.: 268 980 128
http://www.fcbraganca.pt/
Horário: De Outubro a Março, terça-feira das 14h00 às 17h00: quarta a sexta-feira das 10h00 às 13h00, das 14h00 às 17h00; fim-de-semana das 9h30 às 13h00 e das 14h00 às 17h00.
Preços: €3
Silves
É quase impossível esquecer o Castelo de Silves, por muitos castelos que se vejam: a sua cor avermelhada - da pedra utilizada na sua construção, o grés de Silves - fica na retina quando todas as outras memórias se desvanecem. Do mesmo modo, pode ser uma estátua de D. Sancho I, que nos recebe à entrada, mas é impossível esquecer quem fundou o castelo que se tornou definitivamente português em 1253, com D. Afonso III, mas que mantém a arquitectura base. É uma fortaleza islâmica na sua raiz - e é na reforma do fi nal do século XII, início do século XIII, que ganha o perfil que ainda mantém, explica Mário Jorge Barroca - e quanto mais se escava mais se desenterram as glórias de Xelb, capital de duas taifas (reinos autónomos).
Desta, destruída em conquistas e reconquistas, o que não há nas ruas, sobra na literatura: Xelb, centro cultural de charneira, pólo de atracção para artistas, intelectuais, músicos, escritores, cidade próspera por cujos bazares passavam objectos de todo o mundo então conhecido (alguns restos podem ser admirados no Museu Municipal de Arqueologia), maravilha arquitectónica coberta de palácios - o mais esplendoroso de todos, o "Palácio das Varandas", repetidamente referido na poesia árabe, nomeadamente de Al-Mutamid e Ibn Anmar.
Vamos chegar lá depois de passarmos a porta principal da alcáçova, bem no topo da cidade alva, que outrora foi protegida por outros três panos de muralhas - dois sucessivos e uma couraça a uni-los -, abrangendo a almedina (12 hectares), dos quais restam o Torreão da Porta da Cidade e pequenos troços (como o que está na biblioteca municipal). Antes passámos pela sé, que terá sido construída em cima da mesquita, também ela marcada pela pedra avermelhada na sua frontaria.
Duas torres protegem a entrada - que, na verdade, é dupla e alberga a recepção (onde se podem levantar áudio-guias para o castelo e cidade) e loja - e depois de uma pequena rampa chegamos ao enorme pátio. Vêem-se ruínas de um lado, do outro jardins em construção recente, como a tijoleira denuncia - e ambos são resultado da mais recente intervenção no castelo, concluída em 2009. As ruínas são vestígios de construções islâmicas - o Palácio das Varandas é uma das possibilidades, dado o fausto e o requinte que as escavações de Rosa Varela Gomes revelaram - agora arranjados de forma a serem visitáveis. Há um percurso entre elas e uma reconstrução pequena, branco a contrastar com o vermelho dos originais, do que teria sido um arco do palácio.