Fugas - Viagens

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    Castelo de Lanhoso Paulo Ricca
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Que bem que nos ficam estas torres e ameias

Por Andreia Marques Pereira

A Fugas foi do Minho ao Algarve na senda de castelos e confirma: em Portugal nunca estamos (muito) longe de um. Ficaram quase todos por ver, mas os que se viram valeram uma revisão da história e das paisagens nacionais à boleia dos seus testemunhos mais persistentes

"Há tantos castelos por aqui que às vezes os encontramos por acaso". Aqui são as Terras de Riba Côa, onde encontramos Derek Miller, inglês de Bristol reformado no Castelo do Sabugal. Este "milionário do tempo", como se auto-define, está numa viagem por Portugal, à boleia de uma auto-caravana, maravilhado pelo "cenário rude e agreste" do interior português e encantado com os castelos que encontra pelo caminho. Portugal nunca teve castelos grandiosos, concede o professor de História da Faculdade de Letras da Universidade do Porto Mário Jorge Barroca, porque nunca foi um reino muito rico, mas eles encontram-se por todo o lado: de Norte a Sul do território, solitários ou em malhas urbanas. E têm algo de mágico, estes castelos que continuam a recortar as paisagens portuguesas e atrair visitantes regularmente - "sobretudo os mais emblemáticos", sublinha Mário Barroca.

"Vou onde for preciso só para ver castelos", afirma Carlos Bernardo, brigantino e membro da Associação Amigos dos Castelos, com quem nos cruzamos numa manhã de sexta-feira no Castelo de Lanhoso - onde não conseguiu entrar porque este fechou recentemente para obras. Olha a muralha e não está impressionado - "Este. Quem visita muitos [castelos] acaba por achá-los todos iguais, muralhas, ameias, torres". "Especialista-amador", não tem dúvidas em distinguir os castelos dos templários como os mais impressionantes: "Impõem respeito, tem algo muito específico". O de São Jorge, em Lisboa é, diz, exemplar, "pela forma como está conservado, pela área que tem. Pode-se estar o dia inteiro lá"; ao de Guimarães reconhece o valor de "referência", mas, considera, "não é dos mais interessantes". Ao de Almourol já chegou caminhando pelas águas, impaciente de mais para esperar o barco.

Nós não fomos à boleia de Carlos Bernardo, mas de Mário Barroca, autor de extensa obra sobre o tema, a quem pedimos uma lista de seis castelos importantes para descobrir o país e a nossa história. Começámos pela Póvoa de Lanhoso a descobrir cronologias anteriores à nacionalidade (séculos X-XI); passámos por Tomar no tempo da reconquista cristã e espreitámos o lado muçulmano em Silves (segunda metade do século XII); em Lisboa detivemo-nos na alcáçova régia (século XIII); no Sabugal vimos o triunfo do gótico depois do triunfo das fronteiras definidas (século XIV); e chegamos a Vila Viçosa com a pirobalística (século XVI).

Sabíamo-lo teoricamente, agora sabemo-lo empiricamente: em Portugal, nunca estamos muito longe de um castelo. Porque o provámos na prática, ficámos a tratar por "tu" a Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN), que nos anos 30 e 40 do século XX levou a cabo uma ampla reconstrução deste património: mais ou menos controversa, o certo é que deu novamente corpo à história e devolveu torres e ameias às paisagens portuguesas. E é, então, atrás delas que partimos de Norte a Sul.

Póvoa de Lanhoso

Terá outras histórias o Castelo de Lanhoso mas escolhemos as ligadas a D. Teresa para começar e a explicação vem já. Ainda estamos em tempos do Condado Portucalense, porém já se conspirava para a independência quando D. Teresa, a mãe do fundador da nacionalidade, ali se refugiou para escapar ao assédio das tropas da sua irmã, D. Urraca. O cerco acabou num impasse - D. Teresa não consegue sair, D. Urraca não consegue entrar - que resultou no Tratado de Lanhoso, em 1121, inesperadamente vantajoso para D. Teresa. D. Teresa teria outras passagens pelo castelo, mas é esta escolha que é reveladora. "Para mim é um claro indício que era o castelo que ela considerava mais forte ali no território à volta de Braga", afirma Mário Barroca. Era, aparentemente, inexpugnável, no cimo de um colossal monolítico granítico, que alguns apontam como o maior da península.

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