É por um pouco da sua história que pode começar uma visita ao Museu do Café, a dois passos da fábrica da Delta e a receber desde 1994, às portas de Campo Maior e com vista para o edifício projectado pelo arquitecto Siza Vieira para a Adega Mayor.
Feita a introdução, é tempo de identificar no mapa-múndi as origens dos grãos que, depois de serem aqui transformados, chegam às nossas casas. Sem qualquer aroma e de cor clara, nada nesta cesta cheiinha de grãos leva a crer que seja café. Mas para ter a certeza nada como uma incursão a uma mini-estufa onde se encontram as várias espécies de plantas que dão origem ao fruto cujo caroço dá todos os dias a volta ao mundo. Basta entrar e quase logo voltar a sair para perceber por que razão as transformadoras de café se vêem obrigadas a trazê-los de tão longe. A contrastar com o tempo frio e seco que se faz sentir no exterior, dentro da estufa a pele fica instantaneamente pegajosa e quem usa óculos vê-se forçado a retirá-los de imediato, tal a rapidez com que ficam embaciados.
Feita uma primeira apresentação ao meio de onde ele vem, é tempo de conhecer como os grãos se apresentam antes e após a intervenção da fábrica. Numa mesa alta com tampo em vidro, quatro divisórias mostram os grãos de características robustas e outros de características arábicas; torrados e por torrar. Distintos na cor e no tamanho, tornam-se facilmente identificáveis. A pergunta que salta de imediato é "Então qual deles dá melhor café?". Ambos e em conjunto, uma vez que se complementam, com as qualidades de um a neutralizar os defeito do outro e vice-versa.
Explicado e identificado o que origina o café, segue-se para uma incursão pela história de Rui Nabeiro que, nos séculos XX e XXI, anda de mãos dadas com a história do produto em Portugal. Tudo começou por uma pequena máquina de torrefacção, à manivela, e acabou num império que tem o seu nome espalhado por todo o país e um pouco por todos os continentes. A pequena torradeira acabaria por crescer e, com o tamanho, ganhou um motor. Assim não só se admitia um maior número de grãos de cada vez, como o processo era mais rápido, permitindo a sua repetição em menos tempo.
De máquina em máquina, o negócio foi florescendo. E, pelo museu, é possível ver como tudo começou, testemunhando a primeira "letra" de dívida, amarelada do tempo, mas suficientemente preservada para ser exibida numa vitrina e fazer parte de um espólio que inclui ainda o primeiro carro de distribuição da Delta - que o próprio conduziu em tempos. Finda a distribuição, era tempo de transformar o grão em pó e mais tarde em líquido. Por mil e uma maneiras e tantos outros engenhos. Não estarão todos aqui, mas uma boa parte das processadoras de café podem ser apreciadas: desde as de origem árabe, desenhadas e recortadas, até às máquinas que encontramos actualmente um pouco por todos os cafés, pastelarias, restaurantes...
Para o beber, a chávena é à escolha: em pau-preto, pinho, latão, porcelana ou vidro, são várias as dezenas de conjuntos de chávenas que formam uma gigantesca vitrina da exposição permanente. Por fim, como a melhor maneira de o beber é sentados, avançamos para os conjuntos de cadeiras que compõem um dos últimos núcleos da exposição e onde não falta um conjunto do mítico Majestic do Porto.