Fugas - Viagens

  • Campo Maior. Museu do Café (Delta)
    Campo Maior. Museu do Café (Delta) Rui Soares
  • Fábrica de café Torrié. Em Rio Tinto
    Fábrica de café Torrié. Em Rio Tinto Adriano Miranda
  • Campo Maior. Fábrica de café Delta
    Campo Maior. Fábrica de café Delta Rui Soares
  • Fábrica de café Torrié. Em Rio Tinto
    Fábrica de café Torrié. Em Rio Tinto Adriano Miranda
  • Fábrica de café Torrié. Em Rio Tinto
    Fábrica de café Torrié. Em Rio Tinto Adriano Miranda
  • Fábrica de café Torrié. Em Rio Tinto
    Fábrica de café Torrié. Em Rio Tinto Adriano Miranda
  • Campo Maior. Fábrica de cáfe Delta
    Campo Maior. Fábrica de cáfe Delta Rui Soares
  • Fábrica de café Torrié. Rio Tinto
    Fábrica de café Torrié. Rio Tinto Adriano Miranda
  • Campo Maior. Fábrica de cáfe Delta
    Campo Maior. Fábrica de cáfe Delta Rui Soares
  • Fábrica de Café Torrié. Em Rio Tinto
    Fábrica de Café Torrié. Em Rio Tinto Adriano Miranda
  • Fábrica de café Torrié. Em Rio Tinto
    Fábrica de café Torrié. Em Rio Tinto Adriano Miranda
  • Fábrica de café Torrié. Em Rio Tinto
    Fábrica de café Torrié. Em Rio Tinto Adriano Miranda
  • Fábrica de café Torrié. Em Rio Tinto. Momento da prova
    Fábrica de café Torrié. Em Rio Tinto. Momento da prova Adriano Miranda
  • Campo Maior. Escola de Baristas Grão Maior da Delta Café. Pedro Borrego. Jovem barista (3.º classficado no Campeonato Nacional de Baristas 2011)
    Campo Maior. Escola de Baristas Grão Maior da Delta Café. Pedro Borrego. Jovem barista (3.º classficado no Campeonato Nacional de Baristas 2011) Rui Soares
  • Campo Maior. Dois cafés especiais na Escola de Baristas Grão Maior da Delta Café.
    Campo Maior. Dois cafés especiais na Escola de Baristas Grão Maior da Delta Café. Rui Soares

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O que há num café?

São grãos verdes e com traços identitários os que temos diante de nós e que os provadores colhem nas mãos para levar ao nariz. Inspirar. É um dos passos da análise a que se submetem os grãos antes de serem moídos. Há ainda o exame visual, que detecta defeitos, inertes e compara com os padrões. O robusta, descrevem-nos, é arredondado, esférico, de cor amarelada e acastanhada - na mão vemos um grão com defeito, está furado; o arábica natural é mais comprido, achatado, com um filamento interno em forma de "s" e cor mais esverdeada mas com película de notas acastanhadas; o arábica lavado é quase igual, mas com tonalidades que balançam entre o verde e o azul, sem película. Colocados num crivo - caixa com várias peneiras, abanada como uma matraca - determina-se o seu tamanho (aqui, o tamanho é importante: quanto maior melhor, porém, o padrão é o de cada região, não um valor universal); há análises químicas que são feitas - e um computador onde todos os parâmetros de cada amostra são inseridos para a classificação. "Conferimos os parâmetros físico-químicos", explica Alexandre, "mas a prova de taça é que interessa".

Do verde 
ao torrado

A longa fachada branca que nos recebe não esconde a antiguidade: brilha como nova mas tem a aparência venerável dos edifícios industriais antigos, com enormes janelões e sóbrios motivos decorativos. Data de 1920 e é património classificado pelo IGESPAR. Já foi uma tecelagem, agora alberga a sede da empresa que detém a Torrié. Para chegar à torrefacção, contornamo-lo, entre aroma de café que paira intenso, até outro edifício nas traseiras. É aqui que se armazenam, desenvolvem e produzem os cafés da Torrié.

Fazemos o percurso do café quando chega e vamos directos ao armazém de café verde. Há um aroma intenso - herbáceos, esclarece Pedro Ribeiro, mas as alergias já haviam dado o alerta - que nos envolve quando entramos nos amplos espaços de pé direito imponente onde se amontoam sacos de café (em juta natural, que não interfere com o aroma), separados como ilhas, que vão de cima a baixo amparados por vigas de madeira, e com pequenas lousas com os dados de café escritos a giz.

"Pode parecer arcaico mas é a melhor maneira de acondicionar o café." Tem a humidade certa, permite trocas gasosas - "num silo podia ter problemas". É aqui que se recolhem as amostras do café que chega em contentores e que é necessário comparar com a matéria-prima encomendada várias semanas antes: com um colhedor de amostras, algo tipo picador de gelo, com que se fura e fecha novamente o saco.

Não duram muito tempo aqui os grãos, que chegam de várias partes do mundo. "Estamos sempre à procura de novas origens", avança Alexandre Almeida. E a verdade é que o mercado dos cafés está em evolução e aos produtores clássicos se têm juntado "países não tão visíveis há uns anos". Aos produtores tradicionais da América Central (de boa qualidade geral: "os tipos de árvores e as plantações são interessantes, estão mais rotinados, os standards são bons e a técnica predominante [processamento lavado] faz com que a probabilidade de defeitos seja menor"), juntam-se um punhado de africanos (incluindo Angola, com o robusta, e Quénia, Etiópia e Ruanda, com o arábica) e asiáticos (Indonésia, Papua Nova Guiné), que agora têm a companhia (concorrência) do Laos e Vietname, por exemplo. E não se detêm muito tempo no armazém os grãos, dizíamos, porque, por regra, "depois de dois meses começam a perder lentamente qualidade" - depois da torrefacção, "aos seis meses está muito bom", mas este é um aspecto que varia "com a origem e o modo de torrar".

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