Fugas - Viagens

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O deserto não são só dunas

Mas deslocamo-nos um pouco mais. Levam-nos de carro através da rua principal até, literalmente, esta terminar num terreno árido de pouca areia e muitas pedras. Três minutos dentro de um carro e já se vêem dunas baixas e perfeitas de areia fina, logo ali ao lado. M’hamid? De alguns ângulos já não se vê, é como se não existisse. É aqui, neste terreno árido, que vemos chegar os dromedários, enfeitados com cestos coloridos e guiados por homens de vestes longas e rostos protegidos por turbantes azuis, negros e brancos. Os dromedários caminham, elegantes, sempre mais alto do que aquilo que recordávamos desde a última vez que os vimos, e são seres silenciosos, até os obrigarem a ajoelhar.

Aí, barafustam, com sons profundos e rudes, que mais parecem o roncar de estômagos assolados por uma fome tremenda e repentina. Libertos dos cestos e selados com a ajuda de mantas que libertam nuvens de pó ao assentar sobre o seu pêlo, calam-se finalmente, mirando com curiosidade o grupo que espera para lhes trepar para cima. É que, antes de nos embrenharmos verdadeiramente no deserto, em “camelos japoneses” (é assim que o nosso motorista, Mohammed, chama aos 4x4 em que nos deslocamos), oferecem-nos uma pequena amostra do que seria abalar, areia dentro, em cima de um dromedário.

Não é fácil. E toda a experiência nos faz ganhar um respeito mais intenso pelos homens que, durante anos, cruzaram as imensas dunas de areia equilibrados sobre estes animais. A primeira prova a passar é o levantar do próprio bicho. O movimento rápido do erguer das patas traseiras antes das da frente obriga a pôr à prova toda a capacidade de equilíbrio, recompensada, depois, com o balançar suave do passo firme do dromedário. Mas não se deixe iludir por este balançar. Se o encaminharem para uma duna, por pequena que seja, esteja a postos. A descida vai dar-lhe a impressão que vai cair para a frente (incline-se para trás e, se for preciso, segure mesmo o pedaço de corda que deverá estar na parte traseira da sela) e a subida obriga-o a não relaxar, para não ter a sensação de ser empurrado para trás. Dito isto, não se assuste. A experiência vale mesmo a pena e os guias estão sempre alerta, indicando quando deve fazer força para a frente ou para trás, para que não haja surpresas.

O passeio em torno de M’hamid dá-nos um primeiro cheiro real do deserto, mas há-de ser dali a pouco, quando almoçamos no hotel, antes de ocuparmos os nossos lugares nos “camelos japoneses” rumo às grandes dunas de Chegaga, que o deserto nos entra, literalmente, pelos olhos dentro.


Tempestades sem chuva

Porque é nessa altura que se levanta um vento infernal. Daqueles a gritar “tempestade de areia” e que nos enche, de facto, de areia por todos os poros. Nuvens de poeira entram pelo hotel, obrigando a fechar as portas, e os turbantes que mais não pareciam do que enfeites para turista, tornam-se verdadeiramente indispensáveis, protegendo a boca e o nariz das chicotadas finas do vento. Mesmo assim, abandonamos M’hamid, no meio do turbilhão da areia. Sempre na expectativa de que a ventania não se transforme numa daquelas tempestades que se prolongam por horas e estragam qualquer plano de viagem. E ela, de facto, há-de abrandar, mas não para já.

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