Fugas - Viagens

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O deserto não são só dunas

Para nós, o deserto está quase a terminar. Mais uns quilómetros no caminho sem estradas e começamos a avistar, ao longe, uma povoação pintada de rosa. Foum Zguid. A povoação está já ali, à mão de semear, e é mesmo junto à sua fronteira que o nosso “camelo japonês” abandona o solo pedregoso e irregular para repousar, sereno, sobre uma estrada asfaltada. Na verdade, o deserto continua a estar presente na paisagem que nos acompanha e continuará a acompanhar até Ouarzazate, mas a sua solidão, o horizonte sem barreiras e o seu silêncio ficaram, definitivamente, para trás. E o instante em que o abandonamos e pisamos aquela estrada de asfalto é o momento em que começamos a sentir saudades dele.

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Corridas de dromedários no meio do povo

Os dromedários descem a rua para onde todas a pessoas de M’hamid El Ghizlane se parecem dirigir. Lá ao fundo, já só há areia e pedras. Qualquer curto percurso para fora do centro da comunidade do Sul de Marrocos tem o mesmo resultado — o deserto a entrar-nos pelos olhos e pelo corpo dentro. Mas, dizíamos, os dromedários descem a rua num trote elegante, quase vaidoso, conduzidos por homens vestidos de azul ou branco. Descem a rua e, depois, sobem a rua, desaparecendo do nosso campo de visão. Nós, como todos os que nos rodeiam (turistas estrangeiros, homens, crianças e mulheres locais, elas sempre a esconder os rostos atrás das vestes e a acenar, efusivamente, negando ser fotografadas), procuramos arranjar um lugar para assistir a um dos acontecimentos mais esperados daquele que é o segundo dos três dias do Festival Internacional dos Nómadas — a corrida de dromedários.

Sentamo-nos num pequeno muro, costas encostadas a um gradeamento, e observamos a confusão. Alguns polícias tentam manter as pessoas afastadas daquela que é a designada pista da corrida, uma extensão arenosa que corre paralela à estrada, mas a tarefa não é fácil. Há sempre mais pessoas a chegar, a hora marcada para a corrida já passou há muito e os dromedários ainda não regressaram do seu destino desconhecido, lá para o cimo da rua, em direcção ao centro da aldeia.

O Festival Internacional Nómada comemorou, este ano, o décimo aniversário e vai já no segundo dia desta edição dedicada à Água. Durante todo o fim-de-semana, há barracas pontiagudas, no centro de M’hamid, oferecendo os produtos da região — tâmaras, muitas tâmaras, produtos à base de argão ou de açafrão. À noite desfilam músicos de vários países, enchendo o ar de sons berberes e não só, mas o momento alto é sábado à tarde, quando todos querem ver os dromedários correr e os homens defrontarem-se numa partida de hóquei na areia.

Enquanto os dromedários não reaparecem, são os jogadores de hóquei que chegam, apinhados nas traseiras de uma carrinha. Fazem uma paragem triunfal, são recebidos com animação e todos os seguem para o campo (junto à pista de corrida, do lado de lá do gradeamento). Já não há corrida? O jogo vai ser primeiro? Noureddine Bougrab chega, imponente, com o telemóvel numa mão e a túnica a esvoaçar à sua volta. É ele o fundador do festival, é ele que manda parar o aquecimento dos jogadores porque, agora sim, vêm aí os dromedários e o público deve regressar à estrada para assistir à prova.

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