Fugas - Viagens

  • Rui Gaudêncio
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Eiffel, a torre efémera que foi salva pela rádio

Para além da ligação histórica entre os dois países, a escultora lembra que o Porto, primeiro com a Ponte de D. Maria Pia e depois com a Luís I, funcionou como um teste para a empresa de Eiffel (pela mão do seu colaborador alemão Théophile Seyrig, que acabaria por romper com o construtor francês, tendo assinado a segunda ponte no rio Douro já em nome próprio) para a aventura da construção da torre para a Exposição Universal de Paris de 1889.

Joana Vasconcelos contactou, então, a Câmara de Paris e a sociedade que gere a Torre Eiffel, que a receberam “muito bem”, mas lhe explicaram que a torre “é património universal” e por isso ninguém deveria utilizá-la individualmente. E citaram-lhe mesmo o exemplo do mediático escultor búlgaro Christo, que também quisera envolver a Torre Eiffel com tecido, mas que teve de se “contentar” com a (também famosa) Pont Neuf sobre o Sena.

“Era uma ideia muito gira, e às vezes sonhamos com coisas que não são possíveis”, lamenta a artista que, no ano passado, levou o cacilheiro Trafaria Praia à Bienal de Veneza. Mas acrescenta que entendeu e aceitou as razões das autoridades de Paris, e lembra que o presidente da câmara, Bertrand Delanoë, lhe escreveu então “uma carta muito simpática” a justificar a decisão.

Símbolo de poder e génio

Do mesmo partido de Delanoë (PS), Hermano Sanches-Ruivo é o único vereador português na autarquia parisiense — cujo mandato termina com as eleições que amanhã têm a segunda volta em França. Também ele vê na Torre Eiffel “uma marca incontornável” do país. “É o monumento francês mais conhecido no mundo.”

Sanches-Ruivo — que espera ver renovado o seu mandato na Câmara de Paris, e que na próxima legislatura gostaria mesmo de “ser administrador da Torre Eiffel”, tal é o “entusiasmo” que ela lhe suscita — acrescenta que a torre é também “um símbolo do poder e do génio francês”.

Em declarações à Fugas prestadas na belíssima sala de sessões da câmara parisiense, o deputado português lembra que a torre está presente, por exemplo, no logótipo do Paris Saint-Germain, mas também — e por sugestão sua — no da recém-criada Casa do Benfica em Paris. “Queriam pôr o Arco do Triunfo, mas eu convenci-os de que a Torre Eiffel era muito mais universal”, justifica.

“A Torre Eiffel ultrapassa claramente o imaginário francês e é hoje uma referência mundial”, confirma o arquitecto Pedro Bandeira, que (com Pedro Nuno Carvalho), no ano passado, surpreendeu os meios da arquitectura e do urbanismo ao propor, no âmbito de um concurso público para a revitalização do quarteirão Aurifícia no Porto, a deslocalização para ali da agora desactivada Ponte de D. Maria Pia (ver PÚBLICO de 04/11/2013).

Pedro Bandeira diz que “a prova disso é que, em todo o mundo, existem mais de 80 torres construídas com altura igual ou superior à Torre Eiffel, mas se tivermos memória para assinalar dez destes edifícios, por certo que a Torre Eiffel estará incluída”.

Para este arquitecto, “há muito tempo que a Torre Eiffel já não é uma questão de altura, nem uma questão técnica; é uma questão simbólica, em que se revêem todos aqueles que acreditam em superar o impossível”.

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