Fugas - Viagens

  • Rui Gaudêncio
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Eiffel, a torre efémera que foi salva pela rádio

A visita termina sobre o tecto do famoso restaurante Júlio Verne (ver caixa), no segundo piso, não sem antes ouvirmos romantizar aventuras históricas e dramáticas, como a que, no dia 4 de Fevereiro de 1912, levou um discreto alfaiate francês de origem austríaca, Frantz Reichelt, a “inventar” um pára-quedas com o qual se lançou da torre para a… morte (momentos registados pelas câmaras dos pioneiros do cinema francês Irmãos Pathé). Este “feito” permitiu a Reichelt ficar conhecido, para a posteridade, como o “alfaiate voador”…

A partir daqui, o visitante fica livre para continuar o percurso por conta própria, subindo, se quiser, ao terceiro andar, passeando o olhar sobre Paris, e depois descendo de regresso a terra firme.

100 da Revolução Francesa

Mas vamos agora à História — de França. Em meados da década de 1880, já na vigência da III República, o país lambia ainda as feridas da derrota na Guerra Franco-Prussiana e do fracasso da Comuna de Paris (1871), e enfrentava um complicado período de estagnação demográfica, de queda da produção agrícola e também no ranking mundial dos países industrializados, além da deriva na política económica. Num cenário como este, as Exposições Universais, inauguradas em Londres em 1851, são vistas como momentos privilegiados para fazer esquecer as agruras internas e simultaneamente para a afirmação internacional. Em apenas um quarto de século, Paris tinha já organizado três grandes exposições: em 1855, 1867 e 1878 (esta com resultados bem distantes das expectativas), todas elas praticamente com a indústria como tema principal.

Em 1884, sob a presidência de Jules Grévy, a República decide apostar em nova Exposição Universal, desta vez com o pretexto de assinalar o centenário da Revolução de 1789.

O caderno de encargos incluía a construção de um Palácio das Artes, um Palácio das Ciências e uma Galeria das Máquinas, mas também de uma “porta” que deveria ser uma torre em ferro com uma altura de 300 metros. A Exposição deveria, como as duas anteriores, realizar-se no Campo de Marte, na margem esquerda do Sena, em frente ao Palácio do Trocadéro, que tinha sido edificado para a de 1878.

A encomenda, que teve a mão do influente ministro Édouard Lockroy, pareceu feita à medida de um projecto que tinha sido elaborado, em Junho de 1884, por dois colaboradores de Gustave Eiffel, proprietário de uma empresa de construção então já com nome firmado não só em França como também em Espanha e em Portugal, principalmente na área dos caminhos-de-ferro e das pontes (recorde-se que a Ponte de D. Maria Pia fora inaugurada em 1877 e, em 1885, a equipa de Eiffel concluiria uma estrutura idêntica, o viaduto de Gabarit, sobre o rio Truyère no Maciço Central francês).

A concurso foram, mesmo assim, apresentados mais de uma centena de projectos com as ideias mais diversas: uma delas era uma torre integralmente em granito e, outra, uma guilhotina gigante — estranha forma de assinalar a Revolução que cortou o pescoço a Luís XVI e Maria Antonieta, Danton e Robespierre!...

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