Fugas - Viagens

  • Rui Gaudêncio
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Eiffel, a torre efémera que foi salva pela rádio

Quem tem uma experiência da torre por dentro é Bruno Pimenta, um luso-descente (nasceu em Paris há 28 anos, filho de imigrantes oriundos de Santo Tirso), que integra a equipa de guias do monumento. “É um sítio impressionante e único. Nunca me farto de olhar para a torre, mesmo se, muitas vezes — e porque se trata de um trabalho —, não nos apetece vir…”, diz este jovem que encontrou na Torre Eiffel uma solução de emprego depois de nela ter trabalhado em períodos efémeros nas férias de Verão quando era estudante. “Acabei por ficar efectivo aqui, e acho que foi uma boa escolha — estamos no centro do mundo”, diz Bruno Pimenta, referindo-se ao contacto que o seu trabalho permite com visitantes vindos de todo o lado.

“Gosto do contacto com as pessoas, de não me sentir preso na cadeira de um escritório”, acrescenta, explicando que o seu trabalho consiste em guiar e esclarecer os turistas, e também em conduzir os elevadores que os levam aos três andares da torre.

O general salvador

Pode-se ver e visitar a Torre Eiffel de diferentes modos. À partida, qualquer que seja o lugar onde chegamos a Paris, ela estará visível — “Quando há tempos procurámos um novo apartamento perto da Cidade Universitária, os meus dois filhos gémeos foram logo ver se do jardim se via a Torre Eiffel; era uma condição para mudarmos de casa”, recorda Sanches-Ruivo —, de dia, no seu perfil inconfundível, de noite, com o laser que varre a cidade de luz a cada segundo.

Ao viajarmos pelo Sena, ao chegarmos à praça Trocadéro ou ao Campo de Marte, a torre aparece-nos em toda a imponência da arquitectura do ferro treliçado que marcou a industrialização (e o poder económico de França) do século XIX.

Se optarmos por uma visita guiada, teremos o privilégio de começar pelos subterrâneos, seguido de uma descida à “casa das máquinas”, que nos permite conhecer toda a mecânica dos elevadores.

Um guia “disfarçado” de aviador do tempo de entre as duas guerras mundiais — a visita tem normalmente grupos escolares como principais destinatários — vai romanceando a história do monumento, misturando crónicas de amores platónicos imaginados com episódios verídicos.

A visita começa, a alguns metros do pilar sul, frente à estátua do engenheiro e general Gustave Ferrié (1868-1923), “o homem que salvou a Torre Eiffel” ao evitar que, como previsto, ela fosse demolida em 1910 e fosse antes aproveitada como um lugar fulcral para as experiências pioneiras da rádio, que então começava a surgir na Europa.

Data de 1908 a instalação subterrânea, ao lado da torre e que substituiu a cabana de madeira inicialmente colocada entre os pilares, dos ainda primitivos estúdios de rádio, que haveriam de se mostrar fundamentais no decorrer da Guerra de 1914-18 e também posteriormente — na cave, entre as fotografias históricas, destaca-se uma em que o actor, dramaturgo e cineasta Sacha Guitry e a cantora e actriz Yvonne Printemps surgem ao lado do general Ferrié numa emissão de rádio em 1921.

Depois — e passados longos minutos na bicha de acesso à entrada, mesmo nos grupos prioritários —, somos conduzidos à casa das máquinas, e aí serpenteamos por entre depósitos de água, chariots, roldanas e um complexo sistema hidráulico que geriu os elevadores desde 1899, até em 1986 ter sido modernizado com a automatização eléctrica. “A única mudança de relevo neste sistema foram as condições de trabalho dos funcionários, que melhoraram muito”, explica o guia.

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