Aquando da inauguração da placa, foi também anunciada a atribuição do nome de Vieira da Silva a uma rua numa nova urbanização da capital parisiense, em local e data a anunciar.
Há, contudo, outros testemunhos materiais, e pessoais, da figura e da obra da pintora luso-francesa na Galeria Jeanne Bucher, em pleno Quartier Latin, e que desde 1935 expôs e geriu a sua obra. Na biblioteca desta pequena galeria instalada num pátio interior da Rua de Seine (n.º 53) é possível folhear diversos catálogos relativos à pintora, nomeadamente o que foi lançado em Outubro de 2008, no seu centenário, ou outros que documentam as suas parcerias com poetas como René Char ou Léopold Senghor, Presidente do Senegal e seu amigo.
Também pode acontecer que o visitante se cruze na galeria com Jean-François Jaeger, que com a sua filha actualmente dirige o espaço. “Comecei a trabalhar aqui em 1947, conheci logo a Vieira da Silva e estive sempre ao seu serviço, até à sua morte”, diz o galerista. “Vieira da Silva estava sempre aqui. Era uma artista de corpo inteiro, e foi uma verdadeira vedeta da pintura no período áureo da arte em Paris, entre o final da Guerra e os anos 1970, quando apareceu o Centro Pompidou”, acrescenta Jaeger, confidenciando guardar na sua colecção pessoal vários quadros da pintora.
Painel de Manuel Cargaleiro
Estação de metro Champs-Élysées/Clémenceau (linha 1 – 8.º Bairro)
Na estação de metro Champs-Élysées/Clémenceau, pode admirar-se uma vistosa obra de arte pública de Manuel Cargaleiro. Trata-se de um painel de azulejos representando uma paisagem urbana de um artista que tem uma relação especial com Paris, onde se estabeleceu em 1957, e onde realizou a sua primeira exposição individual — em 1963, na galeria Valérie-Schmidt (Rue Mazarine). Esta obra de Cargaleiro, realizada em 1995, resultou de um intercâmbio com o Metro de Lisboa, para onde foi “exportada”, para a estação de Picoas, a entrada art noveau desenhada pelo arquitecto Hector Guimard, responsável pela iconografia original do metro parisiense.
Placa a Mário Sá-Carneiro
Hotel des Artistes - 29, Rue Victor-Massé (9.º Bairro)
“O poeta português Mário de Sá-Carneiro (1890-1916) habitou nesta casa e aqui morreu a 26 de Abril de 1916”. As circunstâncias trágicas da morte deste poeta de Orpheo — que se suicidou na madrugada daquele dia no seu quarto do Hotel de Nice, ingerindo cinco frascos de estricnina — justificam certamente a decisão dos proprietários do edifício, agora Hotel des Artistes, de não permitir a referência ao suicídio na placa que identifica a sua última morada. A referência toponímica foi instalada muitas décadas mais tarde, por iniciativa do embaixador António Coimbra Martins. Este lugar na Rua Victor-Massé, não muito longe da Praça de Pigalle e do Moulin Rouge, pode muito bem ser um ponto de partida para uma flânerie pelos inúmeros hotéis, cafés, bares, que Sá-Carneiro frequentou nos curtos quatro anos em que viveu na capital francesa, mas durante os quais se tornou no mais parisiense dos poetas portugueses, cidade a que dedicou inclusivamente o texto autobiográfico Memórias de Paris (1913).