Religião
Basílica Notre-Dame de Fátima
48, Bd. Sérurier (19.º Bairro)
Erigida no 19.º Bairro a nordeste da cidade, não muito longe da Promenade Amália Rodrigues, fica a basílica Notre-Dame de Fátima, dedicada a Nossa Senhora – Maria Medianeira. Serve a população de um bairro popular e industrial dos arredores. Construído em cumprimento de uma promessa feita em 1944 pelo arcebispo de Paris cardeal Suhard, pedindo a libertação do nazismo, o templo, projectado por Henri Vidal, foi consagrado em 1954. Apresenta uma arquitectura despojada, em betão e tijolo, de cor escura, onde avulta uma alta torre sineira independente do corpo principal. A igreja esteve fechada quase durante três décadas, até que em 1988 foi cedida aos portugueses, que a dedicaram a Nossa Senhora de Fátima.
Não muito longe, no número 44 da Rue de Flandres, existem ainda — mas pouco visíveis — vestígios (lajes e epitáfios) de um cemitério de judeus portugueses construído no final do século XVIII por acção de Jacob Rodrigues Pereire, matemático e figura influente na comunidade judaica da Península Ibérica em Paris.
Memória
Museu da História da Imigração
Palais de la Porte Dorée - 293, Av. Daumesnil (12.º Bairro)
O fenómeno da imigração portuguesa está naturalmente documentado no Museu da História da Imigração, instalado, desde 2007, no Palácio da Porta Dourada, um dos mais belos exemplares da arquitectura art déco em Paris, projecto de Albert Laprade, e que foi construído para a Exposição Colonial de 1931. Neste edifício classificado como Monumento Histórico, a fachada principal ostenta um extenso painel em relevo do escultor Alfred-Auguste Janniot, uma vistosa alegoria sobre o imaginário colonial.
Há várias referências a Portugal no percurso com que o museu documenta a história da imigração, desde que, logo após a Revolução Francesa, a população foi dividida entre nacionais e estrangeiros. A primeira citação portuguesa no mapa cronológico que se lê subindo a escadaria é a de um acordo de imigração assinado em 1965 entre a França, Portugal, Espanha, Jugoslávia e Turquia. Dez anos depois, um primeiro recenseamento da população assinala a presença de 750 mil portugueses em França — dos quais cerca de ¾ saíram clandestinamente do seu país-natal.
Nas secções expositivas, há os mais variados testemunhos, visuais e sonoros, desta realidade: malas, objectos de uso doméstico, acordeões, caixas de correio, filmes, livros, discos, fotografias e documentos diversos — uma vitrina faz mesmo um paralelismo curioso entre os objectos que fizeram o quotidiano dos imigrantes da família Baptista de Matos (um contrato de trabalho, um capacete de obras, uma marmita e fotografias dos membros do clã) com o da família italiana… Bugatti.
Entre os livros que se podem ver no museu está Portugal à Champigny. Le Temps des Baraques, de Marie-Christine Volovitc-Tavares (ed. Autrement), que descreve a vida naquele que foi um dos mais famosos bidonvilles dos portugueses nos arredores de Paris — e onde hoje existe um Monumento ao Emigrante Português, de autoria de Rui Chafes.