Fugas - FugasEmPortugal

  • Praia da Peneda, Góis
    Praia da Peneda, Góis Bruno Simões Castanheira
  • Praia da Peneda, Góis
    Praia da Peneda, Góis Bruno Simões Castanheira
  • Bufareira no Penedo Furado, Vila de Rei
    Bufareira no Penedo Furado, Vila de Rei Bruno Simões Castanheira
  • Praia fluvial do Penedo Furado, Vila de Rei
    Praia fluvial do Penedo Furado, Vila de Rei Bruno Simões Castanheira
  • Praia fluvial do Penedo Furado, Vila de Rei
    Praia fluvial do Penedo Furado, Vila de Rei Bruno Simões Castanheira
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    Igreja em Praia de Mira Bruno Simões Castanheira
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    Praia de Mira Bruno Simões Castanheira
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    Moliceiros da ria de Aveiro Bruno Simões Castanheira
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    Aveiro, homenagem aos moliceiros Bruno Simões Castanheira
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    Moliceiros da ria de Aveiro Bruno Simões Castanheira
  • Kitesurf na ria de Aveiro
    Kitesurf na ria de Aveiro Bruno Simões Castanheira
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    Praia da Peneda, Góis Bruno Simões Castanheira
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    Praia da Peneda, Góis Bruno Simões Castanheira
  • Ribeira de Codes a caminho do Zêzere
    Ribeira de Codes a caminho do Zêzere Bruno Simões Castanheira

Mergulhámos nas origens para voarmos pelo Verão

Por Carla B. Ribeiro

Seja num recolhido recanto no centro do país ou pela atlântica orla costeira, na Beira Litoral as férias de Verão são sempre um regresso às origens. Caminho fora, vamos ao sabor da água e do vento, entre lendas de moiras encantadas e passeios de contemplação, sem esquecer actividades mais radicais. E um sorriso de criança. É o primeiro passeio da série Fugas em Portugal.

O sol já queima e pelas serenas e correntes águas da praia fluvial há gente a banhos logo pela manhã: pais com miúdos pequenos, rapazes pré-adolescentes de vozes a engrossar em brincadeiras aquáticas, raparigas que vão pondo um pé na água gelada mas que não se atrevem a mostrar o biquíni e muito menos a mergulhar.

Estamos mesmo no centro do país. A menos de dez quilómetros, um grande marco, em forma piramidal, assinala o centro geodésico de onde se avista desde a serra da Lousã até às planícies alentejanas (há dias, como o de hoje, de céu limpinho, em que se distingue até a serra da Estrela). Talvez seja esta centralidade que nos impele a sentir um regresso às mais primitivas origens. Isso e os recantos que o pinhal (a recompor-se a olhos vistos dos incêndios que lavraram há uma década e que destruíram grande parte da mancha verde do concelho de Vila de Rei) continua a proteger.

Por cada um deles descobre-se uma ruralidade que vai muito além das tradições agrícolas. É uma ruralidade que também se alimenta de mitos e lendas. É nesta senda que não resistimos a fazer batota e, em vez de seguirmos já rumo ao mar — embrenhando-nos, como nos propuséramos, pela extinta região da Beira Litoral, designação que, embora tenha desaparecido com a Constituição de 1976, continua a fazer parte do vocabulário e imaginário lusos —, recuamos à margem esquerda do rio Zêzere para descobrir o que se esconde para lá da praia fluvial do Penedo Furado.

Não se trata de uma estreia pelo local; mas da última (e única) vez que aí tínhamos estado, entráramos pelo rio e a expedição, que fazia a descida do Zêzere, nunca chegou à praia, ficando-se pelas piscinas naturais. A experiência, no entanto, tinha sido suficientemente emocionante para prometer um regresso mais calmo. E, embora hoje, 15 anos depois, o Penedo Furado ande nas bocas do mundo (sobretudo depois de ter feito parte dos 21 candidatos às 7 Maravilhas - Praias de Portugal), ainda permanece suficientemente longe dos roteiros do turismo para justificar uma redescoberta. Desta feita, por terra — embora não seja de desprezar uma tentativa de o conhecer por água, usando para isso uma canoa —, numa caminhada que termina junto às infra-estruturas de apoio à praia fluvial.

É então que a água se apresenta como irresistível. E confesse-se que, após o choque do primeiro contacto, continuamos em mergulhos e mais mergulhos, deixando-nos, num suave boiar, absorver por tudo o que nos rodeia. Inclusive pelas histórias que o local inspira.


Entre mitos e lendas

O concelho é, dizem-nos, pródigo em lendas. E a origem de uma das mais antigas está, literalmente, cravada na pedra. A Bicha Pintada é “apenas” um fóssil com mais de 480 milhões de anos, como se pode ler numa placa explicativa. Mas a sua forma serpenteante é associada, por alguns, ao culto ofiolátrico celta. E não só. Diz-se que foi criada por uma criatura onírica quando esta foi aprisionada na forma de uma serpente. História que nos vai invadindo o imaginário à medida que avançamos pela margem direita da ribeira de Codes. Uma narrativa de uma bela princesa moira que, entre o Penedo Furado e a Bicha Pintada, guarda um bezerro dourado numa gruta bem escondida e que “só o dará a amor sem medo”.

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