"Os livros têm essa vantagem", nota Carlos Vaz Marques, "é o meio de transporte mais barato que eu conheço. Nós não podemos ir a muitos sítios, mas os livros levam-nos a sítios onde nunca poderíamos ir de outro modo. Nesse sentido é um meio de transporte muito acessível e ao alcance de todas as pessoas que queiram usá-lo". Por isso, quando foi convidado pela editora Tinta-da-China a organizar uma colecção de livros, o autor de Pessoal. e Transmissível, na TSF, não hesitou em juntar as duas coisas de que mais gosta, ler e viajar. "A literatura de viagens conjuga as duas vertentes e, acho, é talvez a ligação mais feliz que eu posso imaginar para essas duas coisas."
Viajar é uma das acções mais antigas da humanidade, uma deslocação geográfica que actualmente se pode desdobrar em inúmeras tipologias à medida de cada estudioso. A viagem iniciática, a viagem de descobrimento, a não viagem e a viagem de turismo ("Toda a gente quer ir de férias, não é?", nota Francisco Guedes). E contar as viagens, seja oralmente ou através da escrita, espontaneamente ou com mais cuidado literário, é um impulso quase irresistível. Depois, enquanto uns se fazem à estrada, outros não saem de casa. É uma viagem, são duas viagens é a magia da literatura de viagens. É a magia da viagem na literatura.