Fugas - Viagens

  • Um ciclista passa pela Praça de Tiananmen, em Berlim (arquivo).
    Um ciclista passa pela Praça de Tiananmen, em Berlim (arquivo). Guang Niu/Reuters
  • Em Xangai
    Em Xangai Reuters
  • Guerreiros de terracota no Museu de Qin.
    Guerreiros de terracota no Museu de Qin. Jason Lee/Reuters

Continuação: página 11 de 12

Ir à China ver o mundo a mudar

Visitar a China de hoje há-de ser um pouco como ler a história do futuro próximo. Não se espere glamour, charme europeu ou o vanguardismo estético ou comportamental norte-americano. Não se conte com os risos abertos da América Latina ou o exotismo autêntico dos africanos. Nos bairros de Xangai onde a cultura europeia deixou marcas e onde os novos imigrantes (150 mil, actualmente) se juntam em esplanadas para ouvirem jazz, beber Sauvignon Blanc ou Chardonnay, comer tapas espanholas com cerveja alemã, emerge uma China que quer ser elegante e distinta, mas o que ali se encontra é um epifenómeno. A China que se vê na ostentação da arquitectura moderna ou no consumismo desenfreado pressente-se também nas oficinas porta sim, porta sim que ladeiam a rua até ao centro de Xian, na corrida pelos bilhetes da viagem inaugural do TGV que já liga Pequim a Xangai (1200km) em quatro horas, no orgulho patriótico de todos os que enaltecem as realizações do PC e dizem, em jeito de advertência aos ingleses ou, principalmente, aos japoneses, que "esquecer é trair".

Num país que não tolera a dissidência e silencia a CNN ou a BBC sempre que aparece uma notícia sobre um contestatário, que proíbe o Facebook e o YouTube, o que conta são as obras de betão, aço e tecnologia. A corrupção pouco conta, o ambiente começa a contar, mas a liberdade também não. O ritmo da mudança é brutal, mesmo para quem lá esteve em vésperas dos Jogos Olímpicos e é essa mudança que vale a pena testemunhar para memória futura. O que impressiona numa visita à China de hoje é uma tensão como a das competições desportivas, uma tensão que prognostica uma mudança, de tal forma intensa que mudará o mundo das próximas gerações.

Palavras-chave

Viajar

Não há voos directos de Portugal para a China, mas as principais companhias chinesas e europeias oferecem múltiplas ligações a partir dos grandes hubs do continente. No país, há inúmeras ligações aéreas a preços razoáveis. As conexões com os centros urbanos são fáceis e baratas - em Xangai, uma viagem no Meglev custa cerca de cinco euros. De Pequim para Xangai pode agora viajar-se em comboios de alta velocidade, por cerca de 60 euros. A Nortravel organiza viagens com paragem em Pequim, Xian, Xangai, uma área rural e em Hong Kong/Macau. Nas cidades maiores, o nome das ruas está traduzido em inglês. O que, dada a dificuldade de as memorizar, pouco ajuda. Os táxis têm taxímetro e os preços são muito em conta.

Chineses

Nos hotéis espere alguns sorrisos, mas não acredite que nas cidades haja abundância de simpatia para com os ocidentais. Nos principais pontos turísticos, encontrará chineses de diferentes etnias e proveniências, a lembrar-nos que a China é o terceiro país do mundo em superfície. As gerações mais jovens vestem-se de forma completamente ocidentalizada, enquanto os anciãos ainda usam trajes tradicionais e a indumentária cinzenta e espartana dos tempos de Mao. Os chineses falam muito, alto e ao mesmo tempo. Uma pequena multidão é garantia de barulho ensurdecedor. Não espere que respeitem filas ou que sejam delicados para idosos ou senhoras. Encontrar quem fale inglês é tarefa impossível, pelo que sempre que sair do hotel peça um cartão com as suas coordenadas em chinês. As crianças são de uma beleza enternecedora.

--%>