Fugas - Viagens

  • Catedral Primada
    Catedral Primada Paulo Pimenta
  • Bogotá
    Bogotá Paulo Pimenta
  • Bogotá
    Bogotá Paulo Pimenta
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    Bogotá Paulo Pimenta
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    Bogotá Paulo Pimenta
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    Bogotá Paulo Pimenta
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    Bogotá Paulo Pimenta
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    Bogotá Paulo Pimenta
  • Igreja de Nossa Senhora da Candelaria
    Igreja de Nossa Senhora da Candelaria Paulo Pimenta
  • Bogotá
    Bogotá Paulo Pimenta
  • Bogotá
    Bogotá Paulo Pimenta
  • A caminho da residência presidencial
    A caminho da residência presidencial Paulo Pimenta
  • Soldados na zona antiga da cidade
    Soldados na zona antiga da cidade Paulo Pimenta
  • Restaurante,bar,discoteca, Andrés DC
    Restaurante,bar,discoteca, Andrés DC Paulo Pimenta
  • Subida para Santuário de Monserrate
    Subida para Santuário de Monserrate Paulo Pimenta
  • Santuário de Monserrate,miradouro para a cidade
    Santuário de Monserrate,miradouro para a cidade Paulo Pimenta
  • Santuário de Monserrate
    Santuário de Monserrate Paulo Pimenta
  • Zona antiga da cidade, Chorro de Quevedo
    Zona antiga da cidade, Chorro de Quevedo Paulo Pimenta
  • Zona antiga da cidade, Chorro de Quevedo
    Zona antiga da cidade, Chorro de Quevedo Paulo Pimenta
  • Mina de sal
    Mina de sal Paulo Pimenta
  • Mina de sal
    Mina de sal Paulo Pimenta
  • Mina de sal
    Mina de sal Paulo Pimenta
  • Plaza de Bolívar
    Plaza de Bolívar Paulo Pimenta
  • Bogotá
    Bogotá Paulo Pimenta
  • Teatro Colón
    Teatro Colón Paulo Pimenta

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O realismo mágico de Bogotá

É motivo de orgulho, esta aparente mistura de “estratos sociais” que os bogotanos não param de salientar. Mesmo se vemos, entre o trânsito intenso das horas de ponta, pessoas em cadeira de rodas aventurando-se nas estradas para pedir esmolas; mesmo que nos semáforos as paragens sejam tantas vezes aproveitadas pelos lavadores de janelas para ganhar uns poucos pesos; mesmo que abundem os carros-bancas onde se vendem de chocolates ou água a cigarros (também à unidade).

A Bogotá fora da Candelária não é particularmente bonita. É uma cidade que alterna entre edifícios baixos, linhas rectas e feições básicas, típicos da América Latina, ou de edifícios dos anos 1950-70, muitos em betão. O que não significa que não haja surpresas. Uma das mais evidentes é o número de casas de influência inglesa, sejam de beira de rua com comércio no rés-do-chão, sejam mansões escondidas em grandes jardins. No meio dos edifícios que crescem cada vez mais alto, já se distingue arquitectura mais arrojada.

É fora das principais avenidas — a Séptima é quase incontornável, uma vez que liga, em linha recta, o norte da cidade à Candelária — que se encontra mais diversidade. Mas longe de grandiosidades: há muitas vezes um ar inacabado ou de semi-abandono, mesmo quando as paredes até escondem lugares de pedigree, como na Macarena ou na zona G, conhecidas pelos restaurantes. É caso para dizer que as aparências enganam. Algumas avenidas que percorremos já foram rios e houve até um lago onde é agora o pólo financeiro da cidade (na Rua 72). Depois há ironias que nos fazem sorrir. Na estrada onde a Quinta de Bolívar é pólo turístico vemos a seguir o Palacio del Collesterol. Um conjunto de bancas improvisadas à beira da rua, como um pequeno arraial, onde se vende caldo de costillas, tamales, sopa de arroz, mondongo, entre outras especialidades nacionais – e doces dentro de sacos plásticos compridos.

Entre o sal e as estrelas

Se no centro da cidade as “favelas” se misturam com bairros de classe média, nos extremos sobrevivem sozinhas. Seguimos para Norte e vemos as suas manchas recortadas nas encostas e mesmo ao lado da estrada os cemitérios “dos ricos” (sim, aqui não somos todos iguais na morte) — para promoção da biodiversidade, as pessoas são instadas a plantar árvores na cidade em vez de colocarem flores nos cemitérios. Mais adiante, as encostas andinas estão novamente verdes com grandes casas abandonadas a espreitar — expropriadas porque foram construídas ilegalmente.

Estamos a entrar na savana de Bogotá. Passamos a inesperada Puente del Común, obra clássica do período colonial sobre o rio Bogotá no meio de quase nada, e em Chía (“deusa da lua”), onde hoje vemos condomínios fechados habitados por bogotanos que trocaram a capital pelo campo às suas portas, há um ano veríamos campos de batatas. A natureza envolve-nos em campos verdes, montanhas arborizadas e assim chegamos a Zipaquirá, cidade colonial, onde se encontra a primeira maravilha da Colômbia. No Cerro do Zipa (o chefe máximo dos muíscas), a terra tem sal (40% do que é consumido no país) e o trabalho dos mineiros foi transformado num altar católico. A Catedral do Sal é a segunda do seu género no mundo e leva-nos 180 metros terra adentro em ambiente que um jogo de luzes torna feérico — avançamos pela Via Sacra, com estações que se podem entranhar na rocha (de sal, claro), para desembocarmos em três enormes naves que são autênticas obras de arte. Neste complexo há ainda espaço para lojas, auditório, centro de convenções, praça de restauração, café, museu e uma sala para espectáculo tridimensional – toda uma vida subterrânea insuspeita.

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