Fugas - Viagens

  • Cemitério dos Prazeres
    Cemitério dos Prazeres Daniel Rocha
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    Cemitério dos Prazeres Daniel Rocha
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    Cemitério dos Prazeres Daniel Rocha
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    Cemitério dos Prazeres Daniel Rocha
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    Cemitério dos Prazeres Daniel Rocha
  • Cemitério do Prado Repouso
    Cemitério do Prado Repouso Fernado Veludo/NFactos
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    Cemitério do Prado Repouso Fernado Veludo/NFactos
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    Cemitério dos Prazeres Daniel Rocha
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    Cemitério Père-Lachaise Joel Saget/AFP
  • Cemitério Père-Lachaise
    Cemitério Père-Lachaise Jim Urquhart/Reuters
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    Forest Lawn Memorial Park Mark Ralston/AFP
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    Cemitério Feliz Bogdan Cristel/Reuters
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    Cemitério Central Lisi Niesner/Reuters
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    Cemitério de St Mary Petr Josek Snr/Reuters
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    Cemitério Highgate Cathal McNaughton/Reuters

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As cidades dos mortos são lugares vivos de cultura

O Cemitério Feliz é um mar azul celeste, das cruzes que assinalam as campas, cada uma preenchida por pinturas naïf de cores fortes com cenas da vida (e da morte) dos defuntos e com poemas, muitas vezes humorísticos, como epitáfios. Se segredos havia em vida, muitos deles são desvendados aqui, desde o “bêbedo” da aldeia, representado arrastado por um esqueleto enquanto agita uma garrafa de “veneno” (álcool), ao professor que lança olhares furtivos a uma mulher num canto da sala de aula.

A tradição começou em 1935 e nem a austeridade comunista a conseguiu, ou quis, obliterar – aliás, um antigo líder do partido aqui enterrado é retratado sentado a uma mesa segurando a foice e o martelo; no epitáfio lê-se: “No tempo que vivi,/ Amei o partido/ E toda a minha vida/ Tentei ajudar o povo”. Foi Stan Ioan Patras que a começou, vendo nas suas cruzes uma maneira de celebrar a vida ao invés de chorar a morte.

Ao longo dos anos, desenvolveu o seu próprio simbolismo: nas cores – o verde é a vida, o vermelho a paixão, o amarelo a fertilidade, o preto a morte; e nas figuras – pombas brancas representam a alma, um pássaro negro uma morte trágica ou suspeita. Ele próprio fez a sua cruz e sob ela repousa desde 1977 – o seu sucessor já começou a treinar a próxima geração de artistas-coveiros para o Cemitério Feliz.


Velho Cemitério Judeu (Praga, República Checa)

Tem algo de assombrado, o Velho Cemitério Judeu de Praga e não é só pela sua idade – funcionou entre 1439 (ou pelo menos é desta data o túmulo mais antigo, o do rabino e poeta Avgidor Kara) e 1787, o que o torna no mais antigo cemitério judeu da Europa. A visão das lápides de pedra, gastas e já deformadas, vergadas aos séculos, que preenchem todo o espaço como que acotovelando-se é indelével.

Não há espaços em branco na superfície – e debaixo de terra teria de se escavar muito até os encontrar. Se estão contabilizadas 12 mil lápides, a verdade é que as inumações aqui, em pleno bairro judeu de Praga – uma espécie de gueto multissecular – são muitas mais. Dizem que cem mil, mas este não é um número exacto.

Certo é que, dada a exiguidade do espaço e à proibição de os judeus serem enterrados fora do “seu” bairro, o velho cemitério foi aumentado até ao limite possível – e tal significa que foram sendo acrescentadas camadas ao cemitério original. Como a lei judaica impede que as sepulturas sejam mexidas e que as lápides sejam retiradas, há partes do cemitério que têm pelo menos 12 “andares” de sepulturas.

A cada nova sepultura, a lápide anterior era colocada na nova camada o que explica que estas estejam tão próximas (e ainda assim, muitas foram as que se perderam). Por isso, o Velho Cemitério Judeu de Praga chegou até hoje albergando lápides góticas enegrecidas, renascentistas de mármore, barrocas ostentosas e até algumas rococó. O conjunto é apropriadamente lúgubre.

 

Okunoin Cemetery (Japão)

É o maior cemitério do Japão, com 200 mil sepulturas, e é também um dos lugares mais sagrados do país, destino de peregrinações, por albergar o mausoléu de Kukai (Kobo Daishi), fundador do budismo Shingon. No Cemitério Okunoin, em Koyasan, a poucas dezenas de quilómetros de Osaka, Kukai descansa em meditação eterna enquanto espera o buda do futuro.

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