Fugas - Viagens

  • Cemitério dos Prazeres
    Cemitério dos Prazeres Daniel Rocha
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    Cemitério dos Prazeres Daniel Rocha
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    Cemitério dos Prazeres Daniel Rocha
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    Cemitério dos Prazeres Daniel Rocha
  • Cemitério dos Prazeres
    Cemitério dos Prazeres Daniel Rocha
  • Cemitério do Prado Repouso
    Cemitério do Prado Repouso Fernado Veludo/NFactos
  • Cemitério do Prado Repouso
    Cemitério do Prado Repouso Fernado Veludo/NFactos
  • Cemitério dos Prazeres
    Cemitério dos Prazeres Daniel Rocha
  • Cemitério Père-Lachaise
    Cemitério Père-Lachaise Joel Saget/AFP
  • Cemitério Père-Lachaise
    Cemitério Père-Lachaise Jim Urquhart/Reuters
  • Forest Lawn Memorial Park
    Forest Lawn Memorial Park Mark Ralston/AFP
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    Cemitério Feliz Bogdan Cristel/Reuters
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    Cemitério Central Lisi Niesner/Reuters
  • Cemitério de St Mary
    Cemitério de St Mary Petr Josek Snr/Reuters
  • Cemitério Highgate
    Cemitério Highgate Cathal McNaughton/Reuters

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As cidades dos mortos são lugares vivos de cultura

De tal forma que este é o cemitério mais visitado do mundo e está entre as atracções mais procuradas pelos turistas em Paris. Algumas das campas suscitam autênticas peregrinações – e aqui o morto mais vivo de todos é Jim Morrison, o mítico vocalista dos The Doors, cuja sepultura, rasa, já conheceu diversas versões graças às intervenções dos seus devotos mais fervorosos cujos ímpetos tiveram de ser restringidos.

Outro dos caminhos mais perseguidos é o do escritor irlandês Oscar Wilde, cujo monumento funerário também teve de ser protegido dos admiradores, com a colocação de uma protecção de vidro em seu redor: desde os anos de 1990, passou a ser tradição deixar um beijo, bem marcado de batôn vermelho, na pedra.

Desenhado por Brongniart, epítome do romantismo, o Père-Lachaise, com as suas 70 mil sepulturas, é também um museu ao ar livre, um panteão-jardim. Mausoléus e jazigos de vários tamanhos e feitios, campas simples e ou ornamentadas, monumentos e memoriais (inúmeros às vítimas do Holocausto), sucedem-se entre árvores e ruelas de pedra. Quem busca famosos, o mapa dá as indicações – Balzac, Edith Piaf, Marcel Proust, Chopin, Sarah Bernhardt, Gertrude Stein, Isadora Duncan, Pissaro, Marcel Marceau…

 

Cemitério La Recoleta (Buenos Aires)

Quase que rivalizam com Eva Péron (“Evita”) como os habitantes mais famosos de La Recoleta (ou cemitério do Norte), os gatos que deambulam pelo cemitério e são como uma atracção à parte percorrendo as ruelas ladeadas por mausoléus, criptas e panteões, com decorações riquíssimas e adornados com os melhores materiais. Sucedem-se sem respiração, num entramado cerrado – uma mini-cidade bem dentro de La Recoleta, um dos bairros mais nobres de Buenos Aires.

E para um bairro assim, um cemitério exclusivo, onde, desde 1822, se encontram sepultados muitas figuras maiores da Argentina – de heróis da independência a chefes de Estado, passando por cientistas, escritores, desportistas e artistas – e muitas famílias endinheiradas da capital. “Só” não está aqui Jorge Luis Borges, ele que escreveu um poema que se chama precisamente “La Recoleta” e que costumava passar horas no cemitério com o amigo e também escritor Adolf Bioy Casares, conversando sobre as personagens com quem iam fazer amizade uma vez ali enterrados (Casares está em La Recoleta).

Entre os tesouros artísticos (90 panteões foram declarados monumentos históricos nacionais), são muitas as histórias que fazem parte do imaginário do La Recoleta e que também lhe emprestam uma aura especial. Desde o funcionário do cemitério que poupou durante décadas para construir o seu mausoléu com toda a pompa e se suicidou aquando da sua conclusão, ao casal desavindo que tendo passado os últimos trinta anos de vida (e de casamento) sem se falarem foram se fizeram representar no além vida em bustos de costas voltadas, passando por uma neta de Napoleão Bonaparte.

E depois há jazigos inesperados, como o da mulher que morreu na sua lua-de-mel em Innsbruck, ao mesmo tempo que, do outro lado do Atlântico, morria o seu cão: os pais construíram um mausoléu idêntico ao seu quarto, cheio de fotografias e com um sari vermelho a cobrir o seu caixão – uma escultura eterniza-a com o vestido de noiva na companhia do seu cão. Estas histórias e outras são relatadas todos os fins-de-semana, em visitas guiadas.

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