Fugas - Viagens

  • Cemitério dos Prazeres
    Cemitério dos Prazeres Daniel Rocha
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    Cemitério dos Prazeres Daniel Rocha
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    Cemitério dos Prazeres Daniel Rocha
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    Cemitério dos Prazeres Daniel Rocha
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    Cemitério dos Prazeres Daniel Rocha
  • Cemitério do Prado Repouso
    Cemitério do Prado Repouso Fernado Veludo/NFactos
  • Cemitério do Prado Repouso
    Cemitério do Prado Repouso Fernado Veludo/NFactos
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    Cemitério dos Prazeres Daniel Rocha
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    Cemitério Père-Lachaise Joel Saget/AFP
  • Cemitério Père-Lachaise
    Cemitério Père-Lachaise Jim Urquhart/Reuters
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    Forest Lawn Memorial Park Mark Ralston/AFP
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    Cemitério Feliz Bogdan Cristel/Reuters
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    Cemitério Central Lisi Niesner/Reuters
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    Cemitério de St Mary Petr Josek Snr/Reuters
  • Cemitério Highgate
    Cemitério Highgate Cathal McNaughton/Reuters

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As cidades dos mortos são lugares vivos de cultura

Novamente no cemitério municipal, destaca-se o portal manuelino que contém o ossário das freiras do antigo Convento de S. Bento da Avé-Maria, enquanto percorremos as ruas perante o realismo de alguns bustos e estátuas (“numa constante recusa da ideia dos corpos em decomposição”, assinala Ana Paula).

Para o fim fica o grande mito de amor deste cemitério romântico: a história de duas mulheres apaixonadas separadas pela morte, que inclui uma cabeça guardada em casa e um julgamento sem penas e termina no jazigo que Henriqueta Emília da Conceição mandou erigir à sua amada Teresa Maria de Jesus, monumento simples com uma (inesperada) estátua de S. Francisco num pedestal. Está com (muitas) flores frescas, o que é único para uma sepultura de 1868. É homenagem ao amor entre duas mulheres ou devoção ao santo? Mais um mistério do Cemitério do Prado Repouso – como o que não permite fotografias num local que faz parte de uma rota turística europeia.


Cemitério dos Prazeres

Diz-se que o cemitério é a última morada de quem lá é depositado e nos Prazeres, em Lisboa, a expressão é literal. “As elites viviam quase todas nesta parte da cidade e juntaram-se aqui. Até mesmo quem morava noutros pontos do país, por uma questão de proximidade familiar ou de interesses económico-sociais, fez aqui um jazigo”, conta Licínio Fidalgo, guia há 12 anos e, desde Setembro, coordenador técnico do Cemitério dos Prazeres. “Tinham dinheiro, compravam e construíam”.

Hoje em dia é que, brinca, “quem falece nesta freguesia tem de ir para outra freguesia”. Os talhões dedicados aos escritores, artistas, bombeiros e polícias são os únicos onde são permitidos enterramentos temporários. De resto, para ali ter um jazigo é preciso esperar que um esteja abandonado, prescreva e seja vendido em hasta pública.

O eléctrico 28 pára junto à entrada principal. Os monumentais portões de ferro abrem directamente para a larga alameda, guiando-nos até à Capela dos Prazeres, onde um núcleo museológico expõe várias peças recolhidas de jazigos abandonados, como crucifixos, figuras de santos, jarras e outros. O sino, que já poucos se lembram de ter ouvido tocar, volta a soar quando há um funeral. Além dos funcionários do cemitério, apenas se vislumbram pequenos grupos de estrangeiros em visita turística, um casal sentado num dos bancos de madeira estuda atentamente um mapa desdobrável.

O Cemitério dos Prazeres quer que “as pessoas vejam estes espaços de uma maneira diferente” e já há algum tempo que existem percursos temáticos definidos em panfletos que podem ser pedidos na secretaria do cemitério (História, Personalidades, Arquitetura, Estatuária, Simbologia Fúnebre, Maçonaria, Heráldica, entre outros), uma visita guiada generalista (uma espécie de “best off”) e este ano foram apresentados outros dez. “No Dia Internacional dos Museus fizemos uma visita nocturna e tivemos cá cerca de 200 pessoas”, conta Licínio Fidalgo. “Há muitas ideias e vontade, até porque queremos que as pessoas voltem e descubram coisas diferentes”.

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