Fugas - Viagens

  • Cemitério dos Prazeres
    Cemitério dos Prazeres Daniel Rocha
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    Cemitério dos Prazeres Daniel Rocha
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    Cemitério dos Prazeres Daniel Rocha
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    Cemitério dos Prazeres Daniel Rocha
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    Cemitério dos Prazeres Daniel Rocha
  • Cemitério do Prado Repouso
    Cemitério do Prado Repouso Fernado Veludo/NFactos
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    Cemitério do Prado Repouso Fernado Veludo/NFactos
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    Cemitério dos Prazeres Daniel Rocha
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    Cemitério Père-Lachaise Joel Saget/AFP
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    Cemitério Père-Lachaise Jim Urquhart/Reuters
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    Forest Lawn Memorial Park Mark Ralston/AFP
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    Cemitério Feliz Bogdan Cristel/Reuters
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    Cemitério de St Mary Petr Josek Snr/Reuters
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    Cemitério Highgate Cathal McNaughton/Reuters

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As cidades dos mortos são lugares vivos de cultura

Construído em 1833, o Cemitério dos Prazeres tem 12,6 hectares e uma configuração inspirada no parisiense Père-Lachaise. Uma autêntica cidade dos mortos, com 54 ruas, zonas centrais e periferias, pequenos bairros ao estilo de urbanização (“alguns construtores adquiriam lotes de terreno, construíam os jazigos e depois vendiam”), jazigos que se assemelham a capelas e até a casas. O de Carvalho Monteiro emula, em miniatura, a sua Quinta da Regaleira, em Sintra. O jazigo Burnay mimetiza o Palácio  homólogo da Rua da Junqueira, em Lisboa. Outros “jazigos-casas”, de anónimos, até têm uma zona de quintal com gradeamento.

Há ainda um castelo (“homenagem a Pedro Folque, o homem da cartografia de Lisboa”), outros que evocam profissões (como o do jazigo onde foi esculpida uma mesa de carpinteiro com todos os instrumentos feitos a rigor. “Até o martelo tem um número de série”) e estátuas que parecem retiradas de um jardim público ou rotunda (caso do jazigo do Conde das Antas, completamente laico e monumental, erguido por subscrição pública em sua homenagem).

E depois há o jazigo de D. Pedro de Sousa Holstein, Duque de Palmela, o maior mausoléu particular da Europa, com capacidade para 200 restos mortais (neste momento estarão lá cerca de 140). É preciso uma pesada chave para entrar no quintal, junto à antiga entrada do cemitério, onde estão dispostos os funcionários ao estilo feudal, e outra para entrar na capela monumental em forma de pirâmide, onde estão as criptas e os caixões de grande parte da família e alguns amigos.

“Quando começaram a fazer estes jazigos e estas homenagens, fizeram-no para que nós, os vivos, as admirássemos”, recorda o historiador. Por isso, quem construiu ou mandou construir fê-lo para honrar o nome do falecido, para mostrar o poder e a condição monetária da família.

Há quem tenha sido um grande homem da história do país e “se mostre como tal porque [os respectivos jazigos] são implantados nos sítios por onde toda a gente passa”. Depois há jazigos muitos semelhantes entre si que apenas variam na monumentalidade, há templos que parecem vindos da Grécia, pináculos que quase rasgam o céu, outros construídos por arquitectos e escultores de renome. É o caso do jazigo de Jaime Cortesão, feito por Keil do Amaral, ou o da família Maceiro, erguido por Korrodi (vencedor de dois Prémios Valmor).

Na escultura, destacam-se as peças de Calmels e Canova no Jazigo de Palmela, a História, de Teixeira Lopes (que quis homenagear Oliveira Martins com a sua peça mais valiosa, vencedora do 1.º prémio da Exposição Universal de Paris de 1900) ou a de Simões de Almeida (sobrinho).

É o primeiro nu de arte pública que se conhece em Lisboa, feito para homenagear uma professora francesa, e que tem a particularidade de ter uma pedra diferente introduzida num dos olhos, dando a sensação que ela está a chorar. Mas, para vermos este pormenor, é preciso espreitarmos, em contacto visual directo com os seios da mulher, ou, noutra posição, levarmos a boca a quase tocar no mamilo. “Na altura, tudo o que vinha de França era bom, por isso não foi polémico e, pelo que li, era um corrupio de gente para ver a peça”.

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