Fugas - Viagens

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São Tomé e Príncipe no espírito certo: 'devagar-devagar'

As ruínas foram reconstruídas e desde o fim de 2014 já há aqui a Casa Almada Negreiros, um museu que há-de crescer, e o restaurante da roça. Joaquim e o sócio, António, o homem da grelha, dividem tarefas. O primeiro está de saída para levar turistas numa excursão. O segundo prepara as espetadas de atum antes de nos mostrar o museu.

O ajudante, Emanuel, já sabe o suficiente para explicar o que nos vai trazendo para a mesa, numa varanda que parece erguida entre a floresta e onde os únicos sons que interrompem a conversa são as gotas da chuva nas árvores e o canto suave do ossobô, um pequeno pássaro de asas verdes. Lá em baixo vê-se um vale e, mesmo, mesmo ao fundo, o mar.

A uma salada de búzios com mandioca cozida e depois frita, tomate e salsa, segue-se uma entrada onde o protagonista é uma espécie de peixe-agulha, cozinhado com banana-pão, azeitonas e baunilha. Há mais, mas temos de nos controlar para chegar ao prato regional lussua, com beringelas, tomate, cebola e um arroz de erva-mosquito (que cheira a maracujá) e coentros selvagens.

Para o fim fica a visita à Casa Almada Negreiros, onde encontramos a sua certidão de nascimento (7 de Abril de 1983; mãe – Elvira Sobral, filha de serviçais angolanos; pai – António Lobo de Almada Negreiros, administrador do concelho), réplicas de quadros e desenhos seus, livros sobre o artista ou uma fotografia das ruínas tirada em 1970.

“Antes não se sabia nada sobre ele, mas agora já começa a ser estudado nas escolas”, diz Emanuel. A parede do piso térreo, com vista para a grelha, está pintada com palavras do artista: “Mãe! Passa a mão pela minha cabeça!”, “Não sei sonhar senão a vida”, “Basta, PUM, basta!”...

É difícil sair da Roça Saudade como é difícil sair do Monte Café ou de qualquer aldeia de pescadores. É difícil porque os visitantes atraem sempre as crianças e as crianças aproveitam qualquer adulto disposto a dar-lhes atenção . Na Saudade, enquanto os miúdos mais pequenos quase ficam sem ar a andar à roda pela mão, Alfredo, de oito anos, entretém-se a desenhar caricaturas num caderno. No Monte Café, Eliseu, 12 anos e T-shirt esburacada com estrelinhas e corações brilhantes, trepa às árvores, e prepara ramos que são copos de folhas a embrulhar flores roxas que decide oferecer às meninas.

Leve-leve, agora no Príncipe

Visitar São Tomé também é voltar a ser criança. Basta querer. “Leve-leve” é a expressão que os são-tomenses usam a propósito de tudo e de nada. “Devagar-devagar”, é o espírito certo para esta viagem. Para a ilha principal, mas mais ainda para a obrigatória visita ao Príncipe, um paraíso ainda mais verde e selvagem, a 140 quilómetros de distância e onde se chega a bordo de um avião de 18 lugares, que em princípio voa diariamente mas que os ventos podem obrigar a ficar em terra.

Dos 136 quilómetros quadrados do Príncipe, 85 pertencem à rede mundial de Reservas da Biosfera da UNESCO. Até há bem pouco tempo, saía-se do Príncipe para ir à procura de trabalho em São Tomé. Agora, com os mais de 400 empregos já criados pela empresa HBD, do milionário sul-africano Mark Shuttleworth, já se começa a fazer o caminho inverso.

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