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São Tomé e Príncipe no espírito certo: 'devagar-devagar'

Por Sofia Lorena

Visitar São Tomé e Príncipe pode ser mergulhar em águas cristalinas, fingir que nos perdemos em florestas virgens, esquecer o tempo a contemplar vistas deslumbrantes. Também pode ser voltar a ser criança. Ou comer e chorar por mais, em bancas de rua ou restaurantes sofisticados.

O molho “não tem segredo”, diz dona Teté, sempre elegante nos seus vestidos de capolana coloridos, impecavelmente penteada, linda nos mais de 50 anos que não se adivinham. Claro que o molho avermelhado e picante tem segredo. E é por isso que a anfitriã passa o jantar de colher em punho, a verificar se temos suficiente no prato.

Esta noite o jantar começa com salada de polvo e segue para os peixes grelhados ali mesmo, ao lado da esplanada que é também o quintal da dona Teté. Cherne, barracuda, corvina e pargo, fruta-pão e banana-prata cozidas a acompanhar. Para a sobremesa mousse de café ou de cajamanga, uma fruta muito doce, mais pequena e fibrosa do que a manga, com casca parecida à da pêra e um espinho no meio.

O restaurante da dona Teté, em São Tomé, a capital de São Tomé e Príncipe, não é fácil de encontrar. Fica perto da grande avenida Marginal 12 de Julho, junto ao mar, mas está escondido, numa rua escura de casas de habitação e só abre para jantar. Ela promete pôr mais placas a indicar o caminho. Nós prometemos que vale a pena cada curva errada.

É difícil comer mal em São Tomé, mas na casa da dona Teté é impossível. A lógica é simples. Não há lista e o que vem parar à mesa é o que de mais fresco se encontrou no dia. Quase sempre peixe, como faz sentido por aqui, tem é de passar no crivo desta cozinheira que vai no terceiro restaurante. “Já tinha decidido parar. Este é mesmo o último”, garante Teté. É aproveitar enquanto se pode.

A comida da dona Teté é especial. A simpatia de uma senhora ocupada de manhã à noite que se oferece para ir connosco comprar as melhores capolanas também. Mas comida boa e gente simpática é o que define São Tomé. Das tascas de rua aos restaurantes que usam os produtos locais com técnicas trazidas de outras paragens, o milagre é que é tudo quase sempre delicioso. Num país pobre e pequeno — menos de 200 mil habitantes em 1001 quilómetros quadrados se juntarmos as duas ilhas principais e várias ilhotas — mas rico em ervas aromáticas, tubérculos, fruta e peixe, basta ter engenho e saber usar o que está à mão.

Na dona Teté não há arroz. Faz sentido, não há arroz no arquipélago.

“Arroz 13 mil” foi um dos slogans com que o primeiro-ministro, Patrice Trovoada, chegou à maioria absoluta nas eleições de Outubro de 2014, dois anos depois de ter sido afastado por uma moção de censura da oposição. Antes, o arroz chegava a custar 27 mil dobras o quilo; agora, o preço, pelo menos o oficial, está mesmo nas 13 mil. Este mês entra pela primeira vez em vigor um salário mínimo no país: um milhão e cem mil dobras (pouco mais de 44 euros) para o sector público, entre 800 mil (empresas familiares) e um milhão e seiscentas mil (grandes empresas) para o sector privado.

Matabala e banana

O arroz ainda é a base da alimentação. Mas para o substituir está a ser incentivada a produção de tubérculos. Matabala, por exemplo. Feio, como os tubérculos costumam ser, é parecido com a batata doce, pode ser branco ou avermelhado. Frito é um petisco impossível de parar de comer. Infelizmente, ainda não se pode comprar em saquinhos, como a banana frita que se encontra à venda junto ao mercado do peixe e nas ruas que vão deste até ao mercado da fruta.

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