Fugas - Viagens

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    Cemitério dos Prazeres Daniel Rocha
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    Cemitério dos Prazeres Daniel Rocha
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    Cemitério dos Prazeres Daniel Rocha
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    Cemitério dos Prazeres Daniel Rocha
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    Cemitério dos Prazeres Daniel Rocha
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    Cemitério do Prado Repouso Fernado Veludo/NFactos
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    Cemitério dos Prazeres Daniel Rocha
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    Cemitério Highgate Cathal McNaughton/Reuters

As cidades dos mortos são lugares vivos de cultura

Por Andreia Marques Pereira e Mara Gonçalves

Os cemitérios são lugares sagrados mas também legados culturais e artísticos. Afinal, as cidades dos mortos são para os vivos. Um passeio por cemitérios de Portugal e do mundo, respeito e cultura numa homenagem monumental aos que vivem para sempre em nós.

A 1 e 2 de Novembro, Dia de Todos os Santos e Dia dos Fiéis Defuntos, o mundo cristão presta homenagem aos mortos e ruma aos cemitérios transformando-os em cidades dos vivos, eles que foram criados como cidades dos mortos. Porém, não é só nestes dias que se recordam os que partiram do mesmo modo que não é só para os lembrar que se visitam os cemitérios.

Na verdade, é cada vez maior o número daqueles que se predispõem a percorrer cemitérios em todo o mundo dando alento ao chamado “turismo cemiterial”, que surge como uma categoria do “turismo negro” (dark tourism, que envolve a visita de locais associados à morte e desastres).

Sim, os cemitérios são lugares santos associados ao culto da morte mas podem ser também representantes da herança cultural de um país ou região. Neles revelam-se a história (e histórias), espelham-se correntes artísticas, fazendo de alguns cemitérios verdadeiros museus ao ar livre, plasma-se a relação das sociedades com a morte – e presta-se homenagem a mortos (mais ou menos) famosos.

Em Portugal este é um nicho turístico claramente incipiente. Em Lisboa, o Cemitério dos Prazeres tem uma agenda de visitas regular que exploram diferentes aspectos do cemitério. O Porto tem os dois únicos cemitérios portugueses incluídos na Rota Europeia de Cemitérios (da Associação dos Cemitérios Significativos da Europa, ASCE), o do Prado Repouso e o de Agramonte, onde as visitas são esporádicas, excepto durante uma semana por ano, inserida na Semana à Descoberta dos Cemitérios Europeus, que por sua vez se inclui no Ciclo Cultural dos Cemitérios do Porto, mais alargado no tempo e com actividades variadas, desde visitas nocturnas a visitas com música.

Dado o valioso património de arte romântica que alguns cemitérios nacionais guardam, há quem defenda uma melhor organização que exponencie todas as suas potencialidades turísticas.

No Porto, por exemplo, Ana Paula Pegas, que defendeu uma tese de mestrado em que apresenta a proposta de criação de uma Rota Turística dos Cemitérios do Porto, está a colaborar com a Pointify, que oferece uma aplicação móvel georreferenciada para descobrir locais, na elaboração de um percurso temático relacionado com a morte.

Como lugares de cultura que são, cemitérios um pouco por todo o mundo tornaram-se, então, obrigatórios em muitas rotas turísticas. A FUGAS dá algumas sugestões de visitas, indo dos mais canónicos aos menos óbvios, tentando reflectir os diferentes aspectos que se congregam nos cemitérios e que atraem turistas cemiteriais, convictos ou ocasionais: há os que vão pela arquitectura e estatuária, os que querem aprofundar a sua história, descobrir as suas memórias e curiosidade, e os que buscam os habitantes mais relevantes. Porque as cidades dos mortos são para os vivos.

Os portugueses

Cemitério do Prado Repouso

Se a Avenida Rodrigues de Freitas hoje corre buliçosa a poucos metros da entrada, há 175 anos a cidade estava longe daqui. “Aqui” era a Quinta do Prado do Bispo, propriedade episcopal, arborizada e sem uso; quando, depois de uma epidemia de cólera, se escolheu este local para construir o primeiro cemitério público do Porto, o bispo não reagiu bem – na verdade, teve de haver intervenção da rainha.

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