A água, proveniente de nascentes que existem na zona, é tão importante no jardim como a vegetação. O lago central (de onde sai a água para a rega), o sistema contínuo de pequenos lagos e o riacho que corre no meio do canavial de bambu dão abrigo a patos — que correm livremente pela relva a fugir das crianças mais afoitas —, tartarugas e peixes, e servem de bebedouro às aves, algumas exóticas.
Tudo nos convida a sentar e a parar o relógio. Desde os bancos de betão aos degraus do enorme anfiteatro exterior, passando pelas “dunas” improvisadas na relva e pelas esplanadas das cafetarias.
Só no ano passado, segundo as estimativas da fundação, passaram pelo jardim perto de 714 mil pessoas, 60 mil por mês. Abril, Maio, Junho e Julho são os meses mais cheios — aos fins-de-semana o jardim chega a receber 4000 visitantes por dia. Aurora Carapinha reconhece: “É um jardim com uma carga muito grande. Só uma instituição com grandes recursos seria capaz de o manter.” (Marisa Soares)
Avenida de Berna, 45 A, Lisboa. Tel.: 217823000. www.descobrir.gulbenkian.pt
O jardim tem entrada livre e está aberto todos os dias, encerrando à noite. A estação de metro de São Sebastião (linhas azul e vermelha) fica a 100 metros da entrada junto ao Centro de Arte Moderna e há vários autocarros da Carris (716, 718, 726, 742, 746 e 756) que param perto. A Fundação organiza diversas actividades ao ar livre, sobretudo nos meses de Verão. Na próxima quarta-feira há uma visita guiada para desvendar os segredos do jardim (custa cinco euros por pessoa e dura 90 minutos, mínimo de oito pessoas, máximo de 25). No próximo sábado, 23, estão previstas várias actividades (oficinas, observação de aves, teatro) para celebrar o Dia da Biodiversidade.
Parque das Pedras Salgadas: O parque que nasceu da água
Na estrada entre Vila Pouca de Aguiar e Chaves, apesar da intensa mancha florestal que cobre as encostas por onde ela corre, é fácil perceber onde se encontra o parque de Pedras Salgadas. Para lá do casario, vemos um conjunto arbóreo característico nas formas e nas cores que o compõem e que lhe dão uma unidade distinta do que a rodeia. Não sabemos que árvores são aquelas, mas percebemos imediatamente que foi mão humana que as plantou.
Maria José David, manager do Pedras Salgadas Spa & Nature Park há-de confirmar: “Isto eram campos”. Até que se “descobriram” oficialmente as propriedades medicinais da água que brotava da nascente do Penedo. Foi em 1871: de fonte a balneário termal foi um salto, acompanhado pela plantação de um parque que já passou o centenário e, sabemos, com a idade só ficará mais encantado(r). A sequóia-gigante, aqui conhecida como “árvore da borracha” por ser tão macia (demasiado para seu bem: está bem descascada na parte inferior), vai crescer ainda mais, assim como os liquidambares, os plátanos, as nogueiras-pretas, os salgueiros, as tílias, os teixos, o sândalo branco, o lariço europeu, a tulipeira da Virgínia, as magnólias, os negrilhos, os vidoeiros, as sorveiras-bravas, os pinheiros, abetos, cedros, castanheiros, choupos, faias, freixos vários, que são alguns dos exemplares que compõem esta sinfonia verde exótica. Alguns estão assinalados, outros não, mas nada se perde neste conjunto monumental de copas frondosas.