É, continua a guia, um jardim “onde existe exaltação dos sentidos”: o som da água, as cores, os cheiros das flores, as texturas dos troncos das árvores — o toque da cortiça é mais suave do que o do castanheiro ou do carvalho, por exemplo.
As dedaleiras venenosas, as camélias, flores emblemáticas de Sintra que vieram do Japão, os sobreiros virgens aos quais nunca foi retirada cortiça. Os lagos cobertos de sagitárias e nenúfares. Os caminhos perfumados por glicínias e jasmim. Os fetos rastejantes e arbóreos, os plátanos. Uma araucária com cerca de 56 metros. Outra que dá pinhas de 10 quilos e que, em certas alturas, obriga à criação de um perímetro de segurança no jardim. Medronheiros de tronco retorcido. Azevinho e rododendros.
O Parque de Monserrate tem espécies de todos os continentes que sobrevivem graças ao microclima húmido de Sintra. “Este é um jardim romântico ou à inglesa, plantado para parecer uma floresta. Os românticos gostavam de ruínas e de se perderem em caminhos sinuosos”, vai dizendo Joana Macedo sobre aqueles cerca de 35 hectares que passaram por diferentes mãos.
No século XVI chegou a ser habitado por frades — o nome vem precisamente de uma peregrinação que um deles fez a Monserrate. Passou, depois, para as mãos da família Mello e Castro, seguindo-se o comerciante inglês, Gerard de Visme e, mais tarde, o escritor William Beckford. Até finalmente chegar, no século XIX, ao milionário inglês Francis Cook — a quinta esteve nesta família quatro gerações. Ainda chegou a ser adquirida por um português, Saúl Saragga, mas, vai contando a guia, em 1949 passa a ser, como é ainda hoje, propriedade do Estado. A administração pertence à Parques de Sintra-Monte da Lua, S.A..
O público é muito variado: recebem várias excursões, marcações de escolas, turistas. Fazem actividades para miúdos, como caças ao tesouro. É preciso estar em boa forma para conhecer todos aqueles hectares (embora também seja possível fazê-lo num carro). Não deixe de passar, no vale mais a sul, pelo Jardim do México, um sítio de “sol escancarado”, ilustra Joana Macedo, onde também há espécies oriundas de Cabo Verde e da Madeira. Ou de ver o roseiral, com 200 variedades de roseiras. Num dia de sol, depois do passeio, pode sempre descansar à sombra da gigante araucária e aproveitar o imenso relvado.
Merece ainda visita a capela, uma falsa ruína criada por Francis Cook a partir daquela que tinha sido antes edificada por Gerard de Visme. E, claro, visitar o Palácio de Monserrate. Construído em 1856 para residência de Verão da família Cook e com projecto do arquitecto inglês James T. Knowles, teve por base as ruínas da mansão neogótica mandada fazer por Gerad de Visme no século XVIII. Maria João Lopes
Parque de Monserrate, 2710-405 Sintra. Tel.: 21 923 73 00. www.parquesdesintra.pt
Neste momento, se quiser conhecer o parque, o horário disponível no site inclui visitas entre as 9h30 e as 20h (os bilhetes devem ser adquiridos até ás 19h). Já o palácio pode ser visitado entre as 9h30 e as 19h (último bilhete às 18h15). Quanto aos preços, variam entre os oito euros (bilhete adulto, dos 18 aos 64 anos); e os 6,5 (dos seis aos 17 e para maiores de 65). Aos domingos, até às 13h os munícipes de Sintra estão isentos de pagamento nos parques e monumentos da Parques de Sintra, mediante documento que comprove a residência. Para chegar ao parque, pode optar pelo comboio ou de carro.