A entrada no jardim faz-se precisamente pelo hotel (restaurado há três anos). Ultrapassamos o lobby, cruzamos uma ponte de pedra (onde por baixo nascem vigorosos inhames) e, uns degraus depois, surge o tanque de água termal acastanhada, que pode jorrar a 40ºC, enquadrado pelo altaneiro edifício de fachada branca. É atrás da Casa do Parque que se estende depois o intrincado jardim, por entre caminhos serpenteantes, grutas e recantos escondidos. Há metrosideros e araucárias centenárias, compridos carvalhos, álamos, sequóias, ginkos, palmeiras, bambus e flores de mil cores, entre hortênsias, rododendros, azáleas, clívias e outras. Nos lagos, nadam patos serenos, no alto dos troncos há casas para morcegos e por todo o lado esvoaçam pássaros, borboletas e insectos.
Ao longo do parque, vão-se encontrando zonas temáticas, como o Jardim da Flora Endémica e Nativa dos Açores (onde estão reunidas várias espécies nativas de São Miguel) e colecções de plantas, entre as quais se destaca o vale das cycas (assemelham-se a pequenas palmeiras) — com 85 exemplares, algumas raras e consideradas fósseis vivos vegetais, protegidas por gaiolas de arame — e o Jardim das Camélias — com mais de 600 plantas de diferentes espécies e cultivares.
(Mara Gonçalves)
Rua Padre José Jacinto Botelho, 5, Furnas. São Miguel, Açores. Tel.: 296 549 090. www.parqueterranostra.com
O jardim está aberto todos os dias das 10h às 19h (exceptuando o período entre 1 de Fevereiro e 31 de Março, durante o qual encerra às 17h30). A entrada custa 5€ por adulto e 2,50€ por criança, sendo grátis para os hóspedes do adjacente Terra Nostra Garden Hotel ou com 20% de desconto para quem fizer uma refeiçãono restaurante da unidade hoteleira.
Quinta do Palheiro Ferreiro, um cenário único sobre o Funchal
Uma jóia da Madeira e uma raridade da Europa. É assim que muitos classificam os jardins do Palheiro Ferreiro, já que à sua extraordinária beleza e encanto juntam a particularidade de reunir um leque muito diversificado de espécies botânicas oriundas dos quatro cantos do planeta e que ali florescem ao longo de todo o ano. As características de clima subtropical, com permanente calor e humidade, e a localização da ilha, no meio do Atlântico, em muito contribuíram para a consolidação deste paraíso florido com 13 hectares.
Inicialmente obra do primeiro Conde de Carvalhal (de seu nome João José Xavier de Carvalhal Esmeraldo de Vasconcelos de Atouguia Bettencourt Sá Machado), os jardins integram uma propriedade mais vasta, a Quinta do Palheiro Ferreiro, que passou depois para o domínio da família Blandy e na qual se mantém desde finais do século XIX. Inicialmente era uma estância de caça, que o conde concebeu há 200 anos com uma imponente entrada para carruagens ladeada por 200 plátanos e a plantação de árvores exóticas. Foi ele que deu origem à invulgar colecção de camélias, algumas das quais podem ainda hoje ser admiradas, mas foi graças ao carinho e dedicação de Milred Blandy e, actualmente, Christina Blandy, que os jardins acabaram por ganhar a grandiosidade e diversidade actuais.