Com a sua implantação a mais de 500 metros de altura, num planalto a meio caminho entre o aeroporto e a cidade e vistas soberbas sobre o mar e a baía do Funchal, os jardins desenvolvem-se actualmente em várias secções. Destaque para a colecção de camélias, Main Garden, Sunken Garden, Ribeiro do Inferno, Jardim da Senhora, a zona da Casa de Chá e o Roseiral, criado já em tempos recentes (2007) por Christina Blandy.
Plantas tão díspares como imponentes araucárias, entre as quais a angustifólia, a árvore dos candelabros do Brasil, enormes sequóias da Califórnia, o cedro-prateado-do-Atlas ou a volumosa a árvore de Natal da Nova Zelândia, que convivem com espécies locais como o loureiro, plátanos, azinheiras pinheiros ou acácias.
À profusão de cores, texturas e aromas juntam-se amplos relvados e até harmoniosos passeios em calhau rolado que dão corpo à típica e artística calçada madeirense. E se há zonas onde os geométricos canteiros floridos são delimitados por sebes de buxo criteriosamente aparada, já na zona do Ribeiro do Inferno domina uma lógica mais informal onde se destaca a variedade de fetos arbóreos e rododendros da região dos Himalaias.
Mais intimista e formal, o Jardim da Senhora tem uma estética dominada pelos lagos com nenúfares de formas irregulares e onde despertam particular atenção os canteiros de flores e os arbustos esculpidos com formas animalescas.
Um cenário único, cuja diversidade e beleza tiveram consagração em 2006 com a atribuição do prémio para o melhor jardim do mundo atribuído pela cadeia Relais & Châteaux, que reúne os mais distintos e requintados equipamentos em todo o planeta. Não é coisa pouca.
(José Augusto Moreira)
Palheiro Ferreiro. Caminho da Quinta do Palheiro, 32. São Gonçalo, Funchal. Tel.: 291 793 044
Os jardins são propriedade privada mas estão abertos a visitas todos os dias do ano, excepto 1 de Janeiro e 25 de Dezembro. Funciona das 9h às 17h30 com os seguintes preços. Adultos: 10,50€; crianças: grátis; jovens (15-17anos): 4€: Desconto de 10% para grupos (10 ou mais pessoas). Integram a Quinta do Palheiro Ferreiro, onde funciona o Hotel Casa Velha do Palheiro e um campo de golfe. A viagem desde o Funchal demora cerca de 15 minutos, havendo transportes públicos com duas a três partidas por hora, que saem do extremo leste da avenida marginal (Carreiras: 36, 36A, 37 e 47).
Venham mais cinco
Para quem tem tudo o que há em Sintra, e botânicos como os de Lisboa, de Coimbra ou do Porto, cenóbios como o Mosteiro de Tibães, em Braga, ou o convento da Arrábida, em Setúbal, santuários como os do Bom Jesus de Braga ou o de Nossa Senhora dos Remédios, parques urbanos como os do Porto, o do Mondego, parques termais reabilitados, palácios e solares de Norte a Sul do país, eleger cinco jardins portugueses é muito pouco. Fiquemos pelo menos com uma dezena de exemplos, acrescentando cinco casos notáveis aos notáveis cinco que mereceram tão importante e internacional atenção.
Tibães: Um jardim beneditino
Não eram nada contidos, os monges que outrora habitaram Tibães. O mosteiro fundado ainda não havia Portugal, e que em 1080 tomou a regra beneditina, foi, é, um exemplo da importância desta Ordem Religiosa em Portugal, da qual o mosteiro de Braga chegou a ser, no século XVIII, casa-mãe. E essa pujança está longe de se ver apenas no revolteado barroco da sua igreja, na dimensão dos seus edifícios de apoio, para se notar na lonjura que, das suas janelas, a paisagem alcança.